As primeiras décadas do século XX foram marcadas por um notável desenvolvimento científico e tecnológico. Entretanto esse processo material foi acompanhado de graves agitações sociais e políticas; seus trágicos episódios marcaram o clima espiritual da época, provocando um estado geral de angústia e inquietação.
A ruptura com o passado e a pesquisa de novos meios de expressão são marca da arte no início dos anos de 1900. Isso explica os vários movimentos nas artes plásticas e na arquitetura.
Em 1909, o italiano Marinetti, líder do Futurismo escreveu: "Tendo a literatura até aqui enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto perigoso, a bofetada e o soco. (...) Façamos corajosamente o "feito" em literatura e matemos de qualquer maneira a solenidade. Dou o verso livre, eis finalmente a palavra em liberdade."
Arte que reflita a velocidade;
Arte de novos hábitos;
Arte de nova linguagem: veloz, não dissertativa;
Material artístico: a máquina.
Foi um movimento de vanguarda surgido na Alemanha no final do século XIX; suas primeiras manifestações ocorreram no pintura. Na literatura, seu período mais criativo ocorreu entre 1910 e 1920. Para e Expressionismo, o artista "não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivências. Não reproduz, estrutura. Não colhe, procura. Agora não existe mais a cadeia dos fatos: fábricas, casas, doença, prostitutas, gritaria e fome. Agora existe visão disso. Os fatos têm significado somente até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se encontra além deles".
Manifestação do drama e crise relacionados à guerra;
Reação contra o realismo e o cientificismo burgueses;
Fusão de valores anímicos alógicos, sentimentos e sensações;
Despreso à descrição objetiva e a fusão entre o real e o sobrenatural.
O Cubismo, que revelaria o nome mais importante da pintura do século XX, o espanhol Pablo Picasso, encontra no poeta francês Apollinaire seu principal porta-voz. Em 1913, ele propõe "Literatura pura Palavras em liberdade Invenção de palavras", pregando o abandono das formas literárias consagradas, dos modelos e dos padrões e incentivando a busca de "técnicas ou ritmos renovadores sem cessar".
Decomposição da realidade em formas geométricas;
Arte que fragmenta o real
Arte que apresenta as múltiplas perspectivas de um objeto.
De 1918 são estes trechos do Dadaísmo, o movimento que rejeitava todas as formas sociais e culturais geradas por uma sociedade que provocara uma guerra mundial. Tem como principal representante Tristan Tzara: "Assim nasceu DADA de um desejo de independência, de desconfiança na comunidade. Aqueles que nos pertencem conservam sua liberdade. Nós não reconhecemos nenhuma teoria. Eu destruo as gavetas do cérebro e as da organização social: desmoralizar por todo lado e lançar a mão do céu ao inferno, os olhos do inferno ao céu, restabelecer a roda fecunda de um circo universal nos poderes reais e na fantasia de cada indivíduo".
Demolição de todos os valores, anti-heranças históricas;
Desmitificação da lógica do pensamento ocidental.
Em 1924, o poeta francês André Breton lança as ideias do Surrealismo, propondo a liberação do inconsciente e da imaginação através do que ele denominou "escrita automática". Nela o escritor registra tudo o que lhe vem à mente, sem nenhuma espécie de censura (estética, moral, gramatical etc.). Nas palavras de Breton: "Creio firmemente na fusão desses dois estados aparentemente contraditórios, sonho e realidade, numa espécie de realidade absoluta, numa super-realidade".
Arte voltada para as profundezas do psiquismo;
Razão e imaginação unidas: anti-racionalismo;
Influência de Freud.