A Semana de Arte Moderna deve ser vista não só como um movimento artístico, mas também como um movimento político e social.
O espetáculo de 13 de fevereiro de 1922 foi aberto com a conferência de graça Aranha, intitulada "A Emoção Estética na Arte Moderna", acompanhada da música de Ernani Braga e da poesia de Ronald de Carvalho e de Guilherme de Almeida. A conferência de Graça Aranha não chegou a causar espanto, ao contrário da música de Ernani Braga, que fazia uma sátira a Chopin - o que levaria a pianista Guiomar Novaes a protestar publicamente contra os organizadores da Semana. A notícia prosseguiu com a conferência "A Pintura e a Escultura Moderna no Brasil", de Ronald de Carvalho, três solos de piano de Ernani Braga e três danças africanas de Villa-Lobos.
O segundo espetáculo, em 15 de fevereiro, anunciava como grande atração a pianista Guiomar Novaes, que, apesar do protesto, compareceu e se apresentou. Entretanto, a "atração" foi uma conferência de Menotti del Picchia sobre arte e estética, ilustrada com a leitura de textos de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Plínio Salgado, entre outros: a cada leitura, o público se manifestava através de miados e latidos. Ronald de Carvalho lê "Os sapos", de Manuel Bandeira, numa crítica aberta ao modelo parnasiano; o público faz coro, ironizando o refão "foi! não foi! foi!...". Durante o intervalo, Mário de Andrade lê, das escadarias do teatro, trechos de "A escrava que não é Isaura".
A 17 de fevereiro, realizou-se o "terceiro e último grande festival" da Semana de Arte Moderna, com a apresentação de músicas de Villa-Lobos. O público já não lotava o teatro e comportava-se mais respeitosamente. Exceto quando o maestro Villa-Lobos entra em cena de casaca e chinelos; o público interpreta a atitude como futurista, e vaia. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de futurismo e sim de um calo arruinado.