Descrição é a foto de um ser animal, objeto, paisagem reproduzida em palavras. A finalidade da descrição é reproduzir, na imaginação de quem lê, uma impressão equivalente à imagem sensível da coisa retratada. Em curtas palavras, é fazer "ver", em termos de reconstituição mental, o que se retrata com a linguagem.
A descrição exige da parte do autor as mesmas qualidades fundamentais à pintura: forma, relevo, cor, luz, sombra, perspectiva, etc.
A técnica descritiva implica uma contemplação e uma apreensão de algo objetivo ou subjetivo. O autor de uma descrição focaliza cenas ou imagens conforme permite a sua sensibilidade de observador.
ASPECTO FORMAL
Com relação ao aspecto formal da descrição, devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se usem então as formas nominais, o presente e o pretérito do Indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indiquem estado ou fenômeno. Porque a ação não é fundamental da descrição.
Todavia deve predominar o emprego dos adjetivos e advérbios, que conferem um colorido especial ao texto.
Conforme o objetivo a que se propõe, a descrição pode ser Literária ou Técnica. Na primeira, a finalidade é transmitir a impressão sensorial que a coisa vista causa ao autor (como vê e sente esse objeto). Aqui predomina o aspecto subjetivo. É a transfiguração do ser de acordo com as experiências de vida. As palavras são trabalhadas - o que envolve a conotação (palavra no sentido subjetivo, figurado).
Quanto à descrição técnica, há preocupação com a realidade. É uma descrição objetiva. O autor descreve o ser tal qual ele se mostra. Há predominância da denotação (palavra no sentido próprio, real, verdadeiro).
O modo de organização descritivo compreende três processos: identificar, localizar e qualificar. Identificar é dar existência a um ser através das diferenças e semelhanças universais. Localizar é determinar o lugar que o ser ocupa no espaço e no tempo. Qualificar é o testemunho do observador sobre os seres do mundo. Por esse processo, pode-se dizer que descrever é fornecer uma imagem não temporal do mundo.
1. O processo de identificação pode ser genérico ou específico. A identificação genérica permite reconhecer a pessoa ou objeto colocado em uma categoria comum, numa classe, num conjunto. Já pela identificação específica estabelece-se uma diferença entre o ser ou objeto descrito e outros elementos de mesma categoria, dando-lhe um caráter único.
2. Qualificar um ser ou um objeto é dar-lhe propriedades características, apresentar um julgamento sobre ele. Uma forma muito comum de qualificação é a analogia, que significa a aproximação, pelo pensamento, de dois elementos que pertencem ordinariamente a domínios distintos.
3. Descrever é também situar no espaço e no tempo. O espaço se estrutura em relação ao campo de ação, ao olhar e ao movimento de quem observa. O tempo não se limita à simples percepção do presente, do futuro ou do passado, mas a uma operação bem mais complexa. A ação, os pensamentos, os objetos descritos são situados em relação ao momento em que a ação é narrada. Esse momento é denominado de enunciação.
Há três técnicas descritivas: a descrição pictórica, em que o observador e o objeto estão imóveis; a descrição topográfica, em que o objeto está imóvel e o observador em movimento, e a descrição cinematográfica, em que observador e objeto estão em movimento.