O ensaio curto é um texto que expõe ou discute ideias sobre um determinado tema e que tem um tamanho variável entre quatro e dez parágrafos. Ao contrário do ensaio documentado, que parte de uma pesquisa bibliográfica, o ensaio curto lida apenas com aqueles dados que, usando simplesmente a memória, pode-se mobilizar no momento.
O ensaio documentado é um trabalho escrito que se baseia em conhecimentos adquiridos através de pesquisa bibliográfica. Diferentemente do ensaio curto, que se organiza a partir de sua capacidade de pôr em ação os conhecimentos que se tem; o ensaio documentado movimenta, também, a capacidade de coletar e utilizar dados.
O ensaio curto é dividido em três partes como qualquer texto. A introdução estabelece o objetivo e a ideia central do ensaio, além de indicar como esta ideia central será desenvolvida. Ocupa o primeiro parágrafo do texto. A primeira frase da introdução apresenta o problema. A segunda frase indica ao leitor que o desenvolvimento vai tratar. A terceira encerra a introdução, dizendo ao leitor que ele ficará sabendo dos pontos das duas teorias que serão abordados. O desenvolvimento explana a ideia central enunciada na introdução. Cada um dos parágrafos do desenvolvimento explana uma das teorias e seus pontos fracos. E a conclusão retoma a ideia central expressa na introdução e resume a explanação feira sobre ela no desenvolvimento. A conclusão refere a existência das teorias e resume o resultado da investigação sobre elas.
É necessário delimitar o tema que se vai tratar, o que para isto deve-se ter bem claro o objetivo (pergunte-se: "Para que vai servir este meu texto?"). Faz-se uma lista das ideias que lhe vêm à cabeça sobre o tema, sem a preocupação em saber se todas são boas ideias. A seguir tendo bem presente o objetivo que se definiu, seleciona-se as ideias que a ele sejam adequadas.
A próxima tarefa é separar por grupos afins as ideias selecionadas. Procura-se estabelecer uma hierarquia dentro de cada grupo, destacando uma ideia principal e outras a ela subordinadas. Cada um destes grupos será desenvolvido num parágrafo próprio.
Numera-se os grupos numa ordem crescente de importância. Isto permitirá ordenar essas ideias, da mais importante para as menos importantes, segundo o objetivo pretendido.
Redigir o tópico frasal de cada parágrafo. Esta será uma redação provisória; mesmo assim, procura-se ser o mais preciso possível. Lembre-se de que um bom tópico frasal é um excelente guia para a redação do desenvolvimento do parágrafo.
Escrever a introdução depois de ter escrito o desenvolvimento. Isto é especialmente válido para o ensaio curto, onde escrever é, acima de tudo, um processo de descoberta. Pois, uma boa introdução é aquela que coloca as questões que serão respondidas pelo trabalho. E ela não pode deixar de lado o tema do trabalho, nem as partes em que este tema foi dividido, na ordem em que vão ocorrer no desenvolvimento.
A conclusão serve para lembrar ao leitor o significado do texto que ele está acabando de ler. Não pode ser, portanto, uma mera recapitulação do parágrafo introdutório. A referência à proposição inicial deve ser feita, para que o leitor veja que ela não foi abandonada durante o desenvolvimento do ensaio. Mas, além disso, é indispensável, também, deixar bem claro o caminho que foi percorrido desde o estabelecimento do tema até este momento final.
O ensaio documentado vai tratar um problema através da coleta de dados em pesquisa bibliográfica. Agora é preciso fazer uma distinção clara entre tema e problema. O trabalho vai tratar de um problema, e não de um tema. Qualquer tema apresenta um grande número de problemas, e a primeira tarefa é decidir-se por um deles, a partir de uma visão geral do tema e de um conhecimento, ainda que superficial, de muitos de seus aspectos.
Portanto, para definir o problema, pode-se começar por estabelecer uma lista que vai do geral para o específico (como já foi dito). Supondo que o tema fosse "Indígenas do Brasil",
faz-se o seguinte:
Índios brasileiros
Índios do Rio Grande do Sul
Índios das Reduções jesuíticas
Índios das Reduções jesuíticas, contudo, ainda é muito amplo. Dentro do que se pode escolher:
Um aspecto particular, como, por exemplo, a posição da mulher dentro da comunidade missioneira, ou a alimentação, ou a vida artística;
Um determinado período de tempo, como, por exemplo, a situação das reduções na época do Tratado de Madri;
Um acontecimento, como, por exemplo, a fundação da missão de São Miguel;
Uma combinação de dois desses itens, como, por exemplo, a organização militar dos índios das reduções em 1750.
Desta forma, qualquer tema comporta uma grande série de problemas, e ganha-se tempo e tem-se pouco trabalho se gastar-se algumas horas examinando o tema, coletando informações gerais sobre ele, organizando uma bibliografia preliminar para dela extrair um problema que interesse e esteja dentro das capacidades.
Realizado o levantamento bibliográfico e escolhido o problema que vai ser tratado, é necessário fazer um leitura introdutória. E com essa leitura, o fichamento.
A ficha serve para registrar as informações bibliográficas sobre: autor, título da obra, local de edição, editora e ano de publicação, número da página onde encontra-se a informação, pequenas anotações de resumo. Estas anotações poderão ajudar na elaboração de um esquema em que o texto poderá ser montado. A pesquisa, além de fornecer um conhecimento seguro a respeito do tema, permite contar com o valioso auxílio das anotações.
Finalmente, o texto já pode ser redigido.
Esta redação tem caráter científico e deve ser elaborada de maneira a criar um efeito de sentido de objetividade, pois pretende dar destaque ao conteúdo das afirmações feitas (ao
enunciado) e não à subjetividade de quem as proferiu (o enunciador). Para neutralizar a presença do enunciador, usam-se certos procedimentos linguísticos, como:
Evitar verbos de dizer na primeira pessoa, procurando eliminar a ideia de que o conteúdo seja mera opinião de quem o escreve.
Quando o verbo é de dizer, o enunciador vem generalizado por um "nós", indicando que o enunciado é produto de um saber coletivo, que se denomina ciência.
A exploração do valor conotativo das palavras não é apropriada ao enunciado científico.
A linguagem do discurso deve usar a língua padrão na sua expressão formal, nunca gíria ou qualquer outra modalidade linguística distanciada da culta.