Olhando para os principais jornais do país, você deve pensar "Puxa, deve dar um trabalhão pra fazer!" E ao mesmo tempo, dá aquela vontade de inventar algo parecido e de se comunicar através de um jornal de verdade, que circule entre seus amigos e pela escola toda.
Forme sua equipe!
Quem faz o quê? Para fazer um jornal, é preciso pensar nos prováveis repórteres, fotógrafos, diagramadores, ilustradores.
Grupo de criação/redação
Quanto maior for a diversidade de interesses e jeitos do Grupo de Criação/Redação, mais qualidade terá o jornal. Portanto, em todos os momentos, vale ser democrático, aberto, estimular a participação de muitas pessoas e de uma variedade de vozes.
Primeiro encontro do Grupo: definições
No dia marcado, o Grupo de Criação/Redação está reunido para inventar um jornal. Muitas coisas precisam ser escolhidas, votadas, discutidas e definidas. Vamos ver algumas delas:
Como vamos batizar nosso jornal?
Nome do jornal. Se estiver difícil chegar a um nome que agrade a todos do Grupo, uma coisa boa de se fazer é levantar uma lista com uns três nomes mais votados e depois sair pela escola pesquisando entre os alunos e professores o que mais agrada. Isso não só ajuda a desempatar, como também já vai ajudando a divulgar o jornal e também a deixar todo mundo curioso.
Para quem estamos escrevendo?
Público-alvo. Cada jornal tem seus leitores e é par informá-los que a gente escreve. O melhor é ter bem claro quem é o nosso público-alvo.
Sobre o que vamos escrever?
Editorias. Este é o nome dado às seções destinadas a assuntos específicos dentro de um jornal. Na hora de conceber um jornal, é preciso pensar nos assuntos que serão abordados e a quem se dirigem. Com essas duas informações, define-se as editorias da publicação.
Que cara ele vai ter?
Projeto gráfico - esse é o padrão que o Grupo de Criação/Redação vai criar para fazer o jornal com personalidade e cara própria. Isso mesmo. Afinal, você não notou a diferença entre os jornais? Não é só o nome que faz a diferença: tem cores, estilo gráfico - com fotos menores ou maiores etc. Tudo isso caracteriza o projeto gráfico de um jornal. Os instrumentos para criar o projeto gráfico do seu jornal estão todos na diagramação. É possível definir estilos de letras (grossa, fina, caída, esticada, grega, egípcia etc), tamanho ou corpo das mesmas, além da largura de colunas, títulos etc.
Como vai ser feito?
Formato, suporte, tiragem. Um jornal, em geral, usa papel para ser impresso. Atualmente pode ser também em multimídia e usa disquete. O Grupo de Criação/Redação precisa pensar também em como vai ser impresso e rodado o jornal. Se será usado um computador pra diagramar e depois as cópias serão feitas em xerox. Ou se vai ser tudo escrito à mão, depois recortado, colado e xerocado. Ou se vai usar o método off-set.
Por onde começar? Pauta
A pauta é a mãe do jornal. É dela que ele nasce, toma corpo, se define. E também é uma das etapas mais interessantes do processo de elaboração do jornal, pois todos têm a chance de dar opiniões, falar a respeito da publicação, do que gostariam de ver nela etc. Na hora da pauta, é preciso estar sempre pensando no leitor, no público-alvo. Para que estamos escrevendo essa matéria? O que lhe interessa, o que ele e/ou ela gostaria de saber, de ler, de ver?
Reunião de pauta
Os participantes da reunião de pauta devem estar antenados com tudo o que rola na escola e na comunidade em torno dela. Eventos, torneios, provas, novos alunos e professores, reformas, novidades no currículo para o ano, volta às aulas, gincanas... Esta é a hora de discutir, debater e definir quais os assuntos que serão abordados no jornal e qual o espaço que cada matéria deverá ocupar. Por isso, é vital que todos estejam presentes e tragam sugestões.
Indo atrás da notícia
Matérias, reportagens, informações. Os repórteres entram em ação! Depois de participarem da reunião de pauta, eles devem traçar separadamente o seu roteiro para captar a informação que necessitam para escrever a matéria. Em geral, nos jornais, revistas, rádios e TVs, eles são orientados pelo Editor para elaborar perguntas das entrevistas ou o caminho a seguir para redigir a matéria. Para o jornal da escola, essas definições podem ser dadas pelo Grupo de Criação/Redação, pelo professor ou cada um pode seguir sua própria intuição.
Com isso, cada um tem sua pauta específica e vai a campo (na escola) atrás da "sua" notícia. O interessante é não deixar nada pendente: qualquer dúvida deve ser solucionada, pois o bom repórter não tem vergonha de admitir que não sabe ou não conhece algo. Com isso, ele ficará mais esperto e poderá dar informações muito mais precisas e claras para o seu leitor.
Para fazer uma boa reportagem é preciso responder às questões:
Quem?
Como?
O quê?
Por quê?
Onde?
Qual é o contexto?
Quando?
E daí?
A redação
Texto jornalístico. Com tudo devidamente anotado, o próximo passo é escrever o texto. O primeiro parágrafo, chamado na linguagem jornalística de lead, deve ser claro, objetivo e conter a informação principal da matéria.
Terminou de escrever? Então está na hora de ler novamente todo o texto para verificar se está bem escrito, se há alguma informação incorreta etc. Muitos defeitos só são notados na releitura. Escrever certo é uma questão de orgulho, mesmo sabendo que haverá um revisor que poderá pegar suas possíveis falhas.
Olha o visual!
Fotos e ilustrações. Uma reportagem de cobertura de algum evento, por exemplo, tem que vir acompanhada de boas fotos. É aqui que o fotógrafo de plantão entra em ação. É preciso estar preparado para fazer fotos considerando a distância, o movimento dos objetos/pessoas que estão sendo fotografados e tudo mais. Não se esqueça de definir o tipo de filme: P&B ou cor, dependendo de como será o jornal. E não se esqueça do flash. Zoom neles! Texto e foto precisam se complementar, pois são duas linguagens para o mesmo fato, cada uma acrescentando algo mais à outra.
Para quem não tem máquina fotográfica, ilustrações podem substituir perfeitamente as fotos. Algumas vezes ficam até mais interessantes.
Diagramação e paginação. Com as matérias sendo feitas e já definidas, é hora de saber como elas vão aparecer nas páginas do jornal, com que fotos ou ilustrações, qual será o seu tamanho. Para isso é preciso pensar no desenho de cada uma das páginas e nas ilustrações ou fotos para cada uma das matérias. Isso tudo se chama Diagramação.
Hoje em dia, a maioria dos grandes jornais e revistas, usam a diagramação eletrônica, mais conhecida no jargão da imprensa como Paginação. Ela é feita toda no computador, em programas específicos para criar colunas e quadros, o que faz ver a página na tela do computador. É preciso ter uma boa noção da importância de cada matéria para poder fazer uma página equilibrada visualmente, agradável à leitura.
Dicas técnicas
1. O nome do jornal deve ser escrito em um tipo (fonte, estilo) moderno, que reflita o espírito jovem e descontraído do Grupo de Criação/Redação e dos leitores.
2. Informação como data da publicação, número da edição e tiragem (número de exemplares publicados) devem constar sempre abaixo do nome do jornal.
3. Não esqueça de colocar um quadro com o Expediente, onde constam o objetivo do jornal e os nomes de todos os participantes daquela edição.
4. Títulos e manchetes (título da principal notícia do jornal ou as principais) devem ter letras leves, mas chamar a atenção dos leitores.
5. A tradição de colocar os títulos das matérias no início da página pode e deve ser mudada. Muitas vezes, um título ao lado ou no centro de um texto torna a página mais atraente.
6. Use subtítulos em textos muito longos para aliviar a leitura e aumentar o interesse do leitor.
7. Coloque as fotos nos locais menos previsíveis de cada página. Não há motivo para colocar uma foto ou ilustração no alto da página, pois pesquisas revelam que o leitor localiza a foto em qualquer lugar da página. Mas nunca esqueça do equilíbrio e da harmonia.
8. Evite títulos repetidos.
9. As páginas precisam ser numeradas para facilitar a vida do leitor.
Passando a peneira
Revisão - antes que os textos estejam prontos para serem paginados, é preciso haver atenção redobrada com eles, pois os tais erros de português, ou mesmo de digitação podem passar despercebidos tanto pelo repórter-redator como pelo próprio editor (quem leu e opinou sobre a matéria). Aqui entra o revisor, aquele que possui uma boa noção do português, da gramática, e que poderá corrigir os pequenos erros ou falhas que muitas vezes os repórteres deixam passar. É bom também que na revisão, observe-se se o texto final está fazendo sentido, se está interessante e compreensível a todos, se os títulos, fotos e ilustrações estão nos locais corretos. Disso depende o sucesso de todo o jornal.
O que fazer
,u>Impressão - agora é a hora de colocar o bolo no forno e esperar ele crescer. Isso mesmo: chegamos à etapa final. É possível imprimir o jornal pela impressora do computador, quando ele já for editado, diagramado e paginado na tela do mesmo. Além disso, para aumentar a tiragem, pode-se tirar cópias xerox. Se a publicação não for montada e paginada eletronicamente, os textos podem ser recortados e colados numa base de cartolina que, a seguir, deve também ser reduzida na xerox ou ampliada e depois reproduzidas no número de cópias que precisar. É possível até imprimir um jornal por mimeógrafo ou off-set em uma gráfica.
A técnica usada deve ser aquela mais próxima do Grupo de Criação/Redação. O que importa é que o jornal fique pronto e cumpra sua função: circular, informar, entreter, educar, divertir.
Distribuição - se você pensou: "Ufa, missão cumprida" se enganou. Com o jornal pronto, ainda falta distribuí-lo, etapa importantíssima para qualquer jornal. Por isso, antes mesmo de começar a escrever, já precisa definir quem será o encarregado da distribuição, da divulgação e como elas serão feitas. Pode-se optar por deixar um número X de exemplares em cada uma das salas de aula. Ou ainda, distribuir nos intervalos, na saída, só para algumas turmas.
Avaliação e reunião de pauta
Ainda não acabou. Faz parte de qualquer trabalho avaliar o processo e os resultados para afinar os instrumentos e poder melhorar. Todas as atividades precisam ser pensadas e repensadas. Avaliação em grupo ajuda a gente a partir para o próximo trabalho com mais conhecimento e provavelmente com menos problemas. O jornal precisa ser lido por todos, comentado em todos os seus aspectos, desde os textos, as ilustrações e os assuntos escolhidos. até o tipo de letra usada.
Perguntas como:
jornal atingiu o público-alvo?
outras pessoas leram e entenderam?
os textos estavam integrados com a parte visual?
teve muito atropelo na hora de fazer o jornal?
o que funcionou, o que não?
como podemos evitar os problemas?
precisam ser respondidas com debate aberto e franco.