DIVERSOS TIPOS DE TEXTO
Texto é tudo aquilo que estabelece comunicação. Assim, há uma diversidade quanto aos tipos de texto. Existem os texto orais - como as conversas, o conto falado...; os textos escritos - como o romance, a receita, a carta...; os textos visuais - como as placas, o semáforo, a mímica...; os textos audiovisuais - como o teatro, o filme...; e sinais textuais percebidos pelo olfato, tato e gosto.
Texto analisado:
O galo que logrou a raposa
Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: "Deixe estar, seu malandro, que já te curo!..." E em voz alta:
- Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinha, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
- Muito bem! - exclama o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vêm vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar em cachorro, Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
- Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra vez a festa, sim? Até logo.
E raspou-se.
Contra esperteza, esperteza e meia.
(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19 ed. São Paulo. Brasiliensa, s.d.p. 47)
Num primeiro nível de leitura, pode-se depreender os seguintes significados:
-Um galo espertalhão, consciente de que a raposa é inimiga, coloca-se sob proteção, fora do alcance das suas garras;
-A raposa tenta convencer o galo de que não há guerra entre os animais e que se instaurou a paz;
-O galo finge Ter acreditado na fala da raposa, mostra-se alegre e convida-a a esperas três cães para que também eles participem da confraternização;
-A raposa, sem negar o que dissera ao galo, alega Ter pressa e vai embora.
Num segundo nível, pode-se organizar esses dados concretos num plano mais abstrato:
-Um dos personagens do texto (o galo) dá mostras de Ter consciência de que os animais estão em estado de guerra;
-Outro personagem (a raposa) dá mostras de que os animais estão em estado de paz;
-No nível do fingimento, isto é, da aparência, ambos percebem Ter entrado em acordo, mas, no nível da realidade, isto é, da essência, os dois continuam em desacordo.
Num terceiro nível, pode-se imaginar uma leitura ainda mais abstrata, que resume o texto todo:
-Afirmação da belicosidade (da guerra) - negação da belicosidade;
-Afirmação da pacificação.
Tudo isso, como se viu, no nível apenas do fingimento.
Os três níveis de leitura, como se pode notar, distinguem-se um do outro pelo grau de abstração: o primeiro nível depreende os significados mais complexos e mais concretos; o terceiro nível depreende os significados mais simples e abstratos.
As diversidades se manifestam no nível da superfície do texto, e a unidade se encontra no nível mais profundo
Deste modo pode-se afirmar que o texto admite três planos distintos na sua estrutura:
1.uma estrutura superficial, onde afloram os significados mais concretos e diversificados. É nesse nível que se instalam no texto o narrador, os personagens, os cenários, o tempo e as ações concretas;
2.uma estrutura intermediária, onde se definem basicamente os valores com que os diferentes sujeitos entram em acordo ou desacordo;
3.uma estrutura profunda, onde ocorrem os significado mais abstratos e mais simples. É nesse nível que se podem postular dois significados abstratos que se opõem entre si e garantem a unidade do texto inteiro.