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Sempre há um conto a mais!


Homem inventou Deus

A verdade e a realidade

A verdade é a exatidão dos fatos ocorridos e não pode ser modificada. Já a realidade é formada pela efetividade dos fatos; a critério de quem a conte. Daí as realidades serem múltiplas. Pois usa várias fontes de informação para construir a sucessão de processos verídicos conforme sua interpretação. Como um cameraman, que escolhe o ângulo de filmagem. Por mais distantes de envolvimentos pessoais que possa parecer, sempre há uma vontade impressa. Uma escolha que o satisfaça.


Homem inventou Deus


No princípio não havia nada porque nada havia sido escrito. Inventou-se uma linguagem. E tudo passou a existir.

No início era a palavra e a palavra se fez ação. A partir daí todas as coisas passaram a serem feitas.

E a necessidade de compreender fez com que o homem criasse suas próprias respostas. A necessidade é o que move todas as coisas. E todas as coisas se fazem a partir dela.

Olha para o universo. O que vê? Quase nada. Pois ele é grandíssimo à visão humana e distante de qualquer compreensão.

O universo vai se expandindo como deve num movimento quase imperceptível para a razão do homem.

Para conhecer o universo não se pode ver com os olhos da face. Para conhecê-lo, olhe para dentro de ti. Aí estão todos os organismos. Célula, tecidos, conjuntos, todos movendo-se na arquitetura de um corpo orgânico e constituído.

Uma célula, por ventura, pode compreender o corpo inteiro? Não. Não existe tamanha compreensão.

A linguagem criada deu início a tudo que se sabe hoje.

O homem vivia em busca do que desejava. Faminto por saber, desenvolveu grandes filosofias. Buscou explicação para todas as coisa que o rodeava. Inventou sistemas, teorias, e nada podia satisfazer o grande desejo. O conhecimento pleno de todas as coisas. E criou um deus.

Um deus que pudesse ser a resposta que desejava. Um deus para aliviar seus desejos. E fez guerras em nome desse deus. O extermínio de raças, povos e culturas se fez por toda a terra. O deus que tivesse o exército maior, mais forte, haveria de vencer. E não havia paz. Eram épocas difíceis, de deuses destruidores e cruéis.

A civilização se firmou nesses alicerces. Expandiu o comércio. E pela necessidade do comércio houve pequenos tempos de paz. Mas a necessidade de possuir tudo, levou a guerras mais sofisticadas, a armamentos mais sutis.

Deus não era mais destruidor. Seria amor. É aquele que perdoa. Que perdoa segundo aos interesses de comércio necessário. Um perdão encontrado na globalização.

Agora com a nova linguagem virtual, que promete-lhe a paz de tanto tempo procurada, apresenta o deus que tudo sabe. Um deus que satisfaz. Um deus que responde todas as perguntas, porque sabe de todas as coisas humanas.

Sempre há um conto a mais!

Um conto há mais

Osvaldo C. de S. Andrade