Um Conto
Há mais

Sempre há um conto a mais!


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O teatro é uma forma de contar. É a representação viva de um conto. Onde não só a linguagem verbal está presente, mas a linguagem não verbal figura través de seus signos. Cenários, luzes, sons, músicas, danças, movimentos... fazem parte da apresentação.


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Cena 1

(Num pátio decorado para o casamento, entram duas comadres)

MADRINHA DA NOIVA - Comadre Mariola, não vô contá o que sucedeu com compadre Ramão.

MADRINHA DO NOIVO - Conte comadre Carola!

MADRINHA DA NOIVA - Diz qui coroné Ramão é que tá embuxando as moça virgem do Roçado Largo.

MADRINHA DO NOIVO - Vírgi Maria! Inda bem que cá na Roça Pequena coisa igual não tem acontecido. Mas digue, comé que comadre sabe?

MADRINHA DA NOIVA - Sei pouco! De comentário longe. Ouvi dizê que coroné tereré ali, tereré aqui e pimba...

MADRINHA DO NOIVO - Não digue, comadre!!

MADRINHA DA NOIVA - Já disse.

(Atrás vêm os dois compadres)

PADRINHO DO NOIVO - Não sei se esse casamento é coisa certa.

PADRINHO DA NOIVA - Uai, compadre...

PADRINHO DO NOIVO - Pois é, tô muito desalembrado... Outro dia tive um sonho com o casamento de Mundinho. Parecia coisa verdadeira.

PADRINHO DA NOIVA - Pergunte à comadre Mariola, ela deve de alembrá.

PADRINHO DO NOIVO - Hum! Mariola? É mais curta de memória que eu. Qué vê? Oh, Mariola, que nóis comeu na hora da bóia?

MADRINHA DO NOIVO - Ora, home! Dizê uma coisa dessa aí na frente do compadre.

PADRINHO DO NOIVO - Mariola, Mariola! Tô falando disso não. Comida, bóia, rango. Qual foi?

MADRINHA DO NOIVO - Sei lá home! Cumé que eu vou me alembrá do que agente inté já comeu!?

PADRINHO DO NOIVO - Viu! Tem os miolo mais mole que mingau. Cumé que vai se alembrá de casamento inté que não sei se é sonho ou de fato?

(Caminham ao fundo do pátio)

Sempre há um conto a mais!

Um conto há mais

Osvaldo C. de S. Andrade