Um Conto
Há mais

Sempre há um conto a mais!


Prisão

Atmosfera dramática!

A apresentação do ambiente constitui-se na projeção do estado emotivo da personagem. Por esse motivo, os aspectos da realidade que estejam em consonância ou oposição com o conflito vivido pela personagem são selecionados. Esses aspectos serão responsáveis pela criação da atmosfera dramática do fato.


Prisão


Como é bom ser livre!

Eu corro, pulo, brinco, grito... e ninguém segura as minhas ações. Dizem pra não fazer e eu faço; dizem pra não responder e eu respondo. Ninguém pode me segurar, me reprimir. Eu sou livre!

Eu sou antes das perguntas e depois das respostas.

Estão tirando a minha liberdade!

Quando corro, pulo, grito; não sou mais engraçado; sou peste, endiabrado. Já não aceitam minhas respostas, eles estão sempre certos. Dizem ter vivido mais tempo e terem passado pelas minhas experiências. Como? Eu não sei! Se eles mesmos falam que as coisas não são iguais. A cada situação há uma resposta diferente!

Agora já perguntam. Eu só respondo o conveniente.

Meu Deus! Estou ficando detido aos pensamentos e atitudes deles. Mas ainda dá pra escapar! Eu acho. Não! É tarde demais.

Estou cercado de opiniões. Aos poucos fui percebendo que eles venciam, ou melhor; desde o início estavam ganhando as batalhas. Eles perguntam e eu já não consigo mais as respostas. Elas estão bem perto, mas eu não consigo mais alcançá-las.

Estando aqui dentro, tudo é quase que impossível. Eu juro que estou sempre procurando uma saída; uma maneira de escapar, mas conforme passa o tempo, parece que se torna mais difícil.

Meu Deus! Já não existem saídas pelos lados, por baixo; tudo é sólido. Só sei que ainda estou aqui, percebendo a pequena claridade que entra por aquelas duas aberturas, lá em cima.

O pior de tudo é eu saber que eles já não me vêm aqui dentro, talvez nem se lembrem de que fui colocado aqui dentro. Isso pode ser porque eles não sabiam o que estavam fazendo.

Começo a entender que eles eram os cárceres e já estavam com seus prisioneiros no interior, e me empurravam para dentro daquilo que sou.

Ah, meu Deus! Agora eu te procuro. Qual é a saída? Estou preso em meu próprio corpo.

Sempre há um conto a mais!

Um conto há mais

Osvaldo C. de S. Andrade