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Poeta português (1525?-10/6/1580). Luís Vaz de Camões nasce em uma família da pequena nobreza não se sabe ao certo se em Lisboa ou Coimbra. Ingressa no Exército da Coroa de Portugal e participa da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito. Boêmio, de volta a Lisboa frequenta tanto os serões da nobreza quanto as noitadas populares. Embarca para a Índia em 1553 e para a China em 1556. Em 1560, o navio em que viaja naufraga na foz do rio Mekong. Camões salva os originais de Os Lusíadas nadando até a terra com o manuscrito. Nove anos depois, retorna a Lisboa com a intenção de publicar o poema, o que só acontece em 1572, graças a um financiamento concedido pelo rei dom Sebastião. Os Lusíadas funde elementos épicos e líricos e sintetiza as principais marcas do renascimento português: o humanismo e as expedições ultramarinas. Sua base narrativa é a expedição de Vasco da Gama em busca de um caminho marítimo para as Índias. Nela, mescla fatos da história portuguesa a intrigas dos deuses gregos, que procuram ajudar ou atrapalhar o navegador. Morre em Lisboa, em absoluta pobreza.
Camões manifestou o espírito do Renascimento através de uma obra que pode ser dividida em: a) poesia lírica - em que o amor e o destino do homem são temas constantes; b) poesia épica - em que recria a história do povo português na epopeia Os Lusíadas; c) teatro - escreveu à maneira medieval (auto de Filodemo) e à maneira clássica (Anfitriões).
Uma das mais importantes epopeias de todos os tempos, Os Lusíadas segue o modelo das obras da antiguidade clássica, como a Ilíada e a Odisseia, de Homero, e a Eneida, de Virgílio. Camões utiliza a oitava-rima (estrofe de oito versos com rimas no esquema "abababcc") e o verso decassílabo, métrica conhecida como medida nova. São dez cantos, num total de 8.816 versos, que narram a viagem de Vasco da Gama à Índia e a história de Portugal até o momento da viagem (1498). No plano da realidade interfere o plano mítico, em que deuses da mitologia greco-latina se mobilizam contra ou a favor da esquadra portuguesa.
As partes principais do poema, que seguem o modelo virgiliano da Eneida, são as seguintes:
Proposição: O poeta apresenta o assunto que vai cantar. São as estrofes 1, 2 e 3 do Canto I: "As armas e os barões assinalados..."
Invocação: Camões pede inspiração às entidades sobrenaturais. São as estrofes 4 e 5 do Canto I: "E vós, Tágides minhas...
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Dai-me agora um som alto e sublimado Um estilo grandíloquo e corrente."
Dedicatória: A obra é dedicada ao rei D. Sebastião. Da estrofe 6 à 18 do Canto I:
"Vós, poderoso Rei, cujo alto império O Sol, logo em nascendo, vê primeiro; Vê-o também no meio do Hemisfério, E quando desce o deixa derradeiro;
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Para que estes meus versos vossos sejam."
Narração: O autor desenvolve o tema, contando a aventura de Vasco da Gama e a história de Portugal. Vai da estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X:
"Já no largo oceano navegam... As inquietas ondas apartando..."
Epílogo: O poeta arremata sua história com versos tristes e angustiados, porque sua pátria não merece mais ser cantada. Da estrofe 145 à 156 do Canto X:
"Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho Destemperada e a voz enrouquecida."