Os anos iniciais do Modernismo Português coincidem com uma nova situação mundial, em consequência da Primeira Guerra Mundial (1914-18), da Revolução Russa (1917) e da afirmação dos Estados Unidos da América no cenário internacional.
Em Lisboa, os movimentos de vanguarda encontraram um clima de insatisfação política. A ditadura de João Franco (1905- 1906) precipitara a queda da monarquia. Politicamente, venceu o integralismo, que resultou no Estado Novo (1926) e na ditadura de Salazar, até 1974. Para a literatura, porém, a tendência saudosista teve muito mais expressão cultural.
A revista "Orpheu", com artigos de Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e o brasileiro Ronald de Carvalho, foi o início oficial do movimento modernista em Portugal, sob o nome "Orfismo". Os autores ligados ao grupo Orpheu formaram a primeira geração de escritores modernos portugueses.
Muito mais moderno foi o grupo da revista "Presença" (1927), cujo movimento terá vigência até 1940, ano em que foi publicado seu último número. O espírito crítico, mais uma tomada de posição de linha estetizante, é a marca do "presencismo".
- atitude irreverente em relação aos padrões estabelecidos;
- reação contra o passado, o clássico e o estético;
- temática mais particular, individual e não tanto universal e genérica;
- preferência pelo dinamismo e velocidade vitais;
- busca do imprevisível e do insólito;
- abstração do sentimento fácil e falso;
- comunicação direta das ideias: linguagem cotidiana;
- esforço de originalidade e autenticidade;
- interesse pela vida humana interior (estados de alma, de espírito, fenômenos psíquicos, subconscientes ou
inconscientes);
- aparente hermetismo, expressão indireta, pela sugestão e associação verbal em vez da absoluta clareza;
- valorização do prosaico e bom humor;
- liberdade formal: verso livre (versilibrismo), ritmo livre, sem rima, sem estrofação preestabelecida.
O Modernismo português é representado por três grandes gerações de autores:
1ª geração - o Orfismo (1915-1927): Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Luís de Montalvor, Florbela Espanca, Aquilino Riveiro.
2ª geração - o Presencismo (1927-1940): José Régio, João Gaspar Simões, Branquinho da Fonseca, Miguel Torga, Adolfo Casais Moanteiro, Antônio Botto, José Rodrigues Miguéis, Vitorino Nemésio, Fidelino de Figueiredo.
3ª geração - o Neo-Realismo (1940 até nossos dias): Alves Redol, Ferreira de Castro, Fernando Namora, Vergílio Ferreira, Jorge de Sena, Armindo Rodrigues, José Gomes Ferreira, José Saramago e outros.