Trovador - designava, na lírica trovadoresca, o poeta completo, que compunha a letra e a melodia das cantigas e também as executava, acompanhado de instrumentos musicais. As mais das vezes, pertencia à aristocracia ou era fidalgo decaído: é precisamente sua condição de nobre que lhe explica a múltipla capacidade, pois ao talento individual acrescentava o estudo acurado das regras da Retórica, da Poética e da Música. O vocábulo, na sua forma originária e refletindo a própria expansão da moda provençal, entrou a ser cultivado no século XI.
Trobar (ou trovar) - de controvertida etimologia. Alguns estudiosos inclinam-se a considerar a forma hipotética latina tropare como possível étimo, por sua vez calcado no grego tropos. Na esteira do romancista Gaston Paris, argumentam que no século IX os textos litúrgicos começaram a sofrer várias interpolações ou acréscimos, chamados tropos, os quais acabaram gerando, com o passar do tempo, um lirismo profano. Assim, o termo tropare, provavelmente originário de contropare, significaria "inventar, compor tropos". Daí para o sentido vulgar de "achar" nada custou.
No lirismo galaico-português, o vocábulo trobar correspondia a "fazer trovas", ou mesmo ao substantivo "trova", como na expressão "falir a alguém a trobar" (faltar a alguém a perícia na arte de compor versos), ou nos versos que Afonso X dirige a Bernardo de Bonaval: "e bem vej'agora que trobar vos fal". A arte de trovar endereçavam-se a uma elite intelectual, afetada, aristocrática e feudal, em cujo meio se tornara moda pensar em descobrir um sentido oculto no interior de todas as aparências. E parecem construir uma herança do ornatus difficilis da retórica latina, pois utilizavam, geralmente, análogos recursos expressivos, como metáforas, apóstrofes, metonímias, sinédoques, aliterações, etc.
Chama-se TROVADORISMO o período em que esses trovadores tinham seu destaque.
Principais representantes:
Entre os autores de cantigas, destacam-se D. Dinis, Paio Soares de Taveirós, Martim Codax, D. Afonso Mendes de Besteiros,
Fernando Esguio, João Garcia de Guilhade, João Zorro, Airas Nunes de Santiago, Nuno Fernandes Torneol.
O fim do período trovadorista se deu em 1434, ano da nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor da Torre do Tombo. Era o início do Humanismo.