"O Romantismo era a apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para nos conhecermos, para que saibamos se somos verdadeiros ou falsos, para condenar o que houve de mau na nossa sociedade." (Éça de Queirós)
Em 1857, mesmo ano em que no Brasil era publicado "O guarani", de José de Alencar, na França é publicado "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal.
O Realismo reflete as profundas transformações econômicas, políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade. O capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais; por outro lado, a massa operária urbana avoluma-se, formando uma população marginalizada que não partilha dos benefícios gerados pelo progresso industrial. Essa nova sociedade serve de pano de fundo para uma nova interpretação da realidade, gerando teorias de variadas posturas ideológicas.
Todo o século XIX foi marcado pelo progresso da ciência e da indústria e pela evolução dos estudos sociais. Debatia-se acaloradamente o Positivismo de Augusto Comte, o Evolucionismo de Darwin, o Determinismo de Hippolyte Taine e o Manifesta Comunista (1848) de Marx e Engels. Crescia a confiança na capacidade humana de resolver seus problemas valendo-se da razão e inteligência, ao invés da emoção e sensibilidade.
Três manifestações coexistiram nesse período no Brasil: o Realismo, o Naturalismo e o Parnasianismo.