Alegoria - (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público") é uma representação figurativa que transmite um significado outro que o da simples adição ao literal. É geralmente tratada como uma figura da retórica. Uma alegoria não precisa ser expressa na linguagem: pode dirigir-se aos olhos e, com frequência, encontra-se na pintura,escultura ou noutra forma de arte mimética. O significado etimológico da palavra é mais amplo do que o que ela carrega no uso comum. Embora semelhante a outras comparações retóricas, uma alegoria sustenta-se por mais tempo e de maneira mais completa sobre seus detalhes do que uma metáfora, e apela a imaginação da mesma forma que uma analogia apela à razão. A fábula ou parábola é uma alegoria curta com uma moral definida.
Antífrase - é facilmente confundida com as figuras da ironia, sarcasmo, eufemismo e sátira, e consiste na utilização de uma palavra com o sentido contrário àquele que tem normalmente. Camões refere este recurso estilístico de forma explícita na sua Canção IX: "Junto a um seco, fero e estéril monte, (...) Cujo nome do vulgo introduzido, / É Felix, por antífrase infelice." O seu uso pode justificar-se como forma de atenuação de uma idéia negativa, como quando se chamavam de Euménides ("benévolas") às Fúrias, na Grécia Antiga; ou quando D. João II decidiu renomear o Cabo das Tormentas como Cabo da Boa Esperança. Pode-se considerar, por vezes, a antífrase como um eufemismo levado ao extremo - quando o sentido original das palavras é invertido.
No seu sentido estrito, antífrase é a expressão que adquire no contexto significado oposto ao significado habitual. É uma sátira.
Antítese - consiste no uso de palavras (ou expressões) de sentidos opostos com a intenção de realçar a força expressiva de cada uma delas - é a ideia oposta.
Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barroco. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. É uma figura relacionada e muitas vezes confundida com o paradoxo. Várias antíteses podem ser feitas através de Amor e Ódio, Sol e Chuva, Paraíso e Inferno, Deus e Diabo.
Ex.: Não és bom, nem és mau: és triste e humano.
Apóstrofe - é uma figura caracterizada pela evocação de determinadas entidades, consoante o objetivo do discurso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor, imaginário ou não, da mensagem. Nas orações religiosas é muito freqüente ("Pai Nosso, que estais no céu", "Ave Maria" ou mesmo "Ó meu querido Santo António" são exemplos de apóstrofes). Em síntese, é a colocação de um vocativo numa oração. Ex.:"Ó leonor, não caias!". É uma característica do discurso direto, pois no discurso indireto toma a posição de complemento indireto: "Ele disse à Leonor que não caísse”
No discurso político é também muito utilizado ("Povo de Sucupira!!!"), já que cria a impressão, entre o público, de que o orador está a dirigir-se diretamente a si, o que aumenta a receptividade. Um professor ao dizer "Meninos!" está também a utilizar a apóstrofe, ainda que com um intuito mais paternalista, que não seria muito aconselhável para um político. A apóstrofe é também utilizada frequentemente, tanto na poesia épica quanto na poesia lírica. No primeiro caso, podemos citar Luís de Camões ("E vós, Tágides minhas..."); na poesia lírica podemos citar Bocage ("Olha, Marília, as flautas dos pastores...")... Existe, graças a esta figura de estilo, uma aproximação entre o emissor e o receptor da mensagem, mesmo que o receptor não se identifique com o receptor ideal explicitado pela mensagem.
Comparando com a análise sintática, a apóstrofe substitui o vocativo.
Eufemismo– é a figura através da qual se procura suavizar, tornar menos chocantes palavras ou expressões que são normalmente desagradáveis, dolorosas ou constrangedoras.
Ex.: Ele passou desta para melhor. (= morreu)
Gradação– (ou Clímax) é a figura que consiste em dispor as ideias em ordem gradativa. Se a gradação é descendente, configura-se o anticlímax.
Ex.: Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilhão, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.
Hipérbole– é um exagero intencional com a finalidade de intensificar a expressividade e, assim, impressionar o leitor (ou ouvinte). É o oposto do eufemismo - que busca suavizar.
Ex.: já te falei mil vezes sobre esta questão.
Ironia– é a figura através da qual se enuncia algo, mas o contexto permite ao leitor (ou ouvinte) entender o oposto do que se está afirmando - é dizer o contrário do que se pensa.
Ex.: "Você é a pessoa mais inteligente que eu conheço". Sabendo-se que é uma pessoa muito "burra" - com pouca inteligência.
Onomatopéia – figura pela qual o próprio som da palavra (ou de uma sequência de palavras) lembra aproximadamente a coisa representada.
Ex.: Ouvia o cocoricó das aves do pátio.
Paradoxo– figura que engloba simultaneamente duas ideias opostas.
Ex.: Eu fujo ou não sei não, mas é tão duro este infinito espaço ultra fechado.
Prosopopéia – (personificação) consiste em atribuir a seres inanimados (sem vida) características de seres animados ou atribuir características humanas a seres irracionais.
Ex.: Os prédios se espreitam traiçoeiramente.