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Letra B

Bebedouro ou bebedor d’água

Internauta me passou e-mail, inconformado com a inscrição que há na estação rodoviária de Araçatuba: “bebedor d’água”. Bebedor é aquele que bebe muito. Exemplo: Joaquim é um bom bebedor de cerveja. 
“Bebedouro”, segundo o Aurélio, é designação genérica de diferentes tipos de aparelhos ligados à rede hidráulica de edifícios, que fornecem água a temperatura normal ou gelada, e que permitem beber sem necessidade de copo, muito utilizados em escolas, fábricas, escritórios, lojas, etc. Que tal o administrador fazer a correção: bebedouro d’água?
Araçatuba gosta de dar demonstração aos visitantes de que cuida mal do português. As placas colocadas nos canteiros centrais da av. Brasília é um exemplo evidente disso   

Biópsia / biopsia

É a retirada de um fragmento de tecido de organismo vivo, para o exame da natureza das alterações celulares nele existentes: biopse. A pronúncia mais usada é biópsia.

Biquíni 

Palavra paroxítona terminada em "i", por isso é acentuada. Vejamos a origem da palavra:Antes da bomba nuclear, as mulheres só usavam maiôs. Dizem que as mulheres da antiga Roma, nas orgias imperiais, já usavam o biquíni. Mas a peça, na modernidade, foi criada em 1946 pelos estilistas Louis Réard e Jacques Heim.
O último queria dar o nome de "átomo" ao novo vestuário de banho, já que era a menor partícula. Porém, como os Estados Unidos fez sua primeira experiência de bomba nuclear naquele ano pós-guerra, no Atol de Bikini das Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico, a minúscula roupa feminina foi batizada de biquíni. As palavras surgem de formas variadas. 

Bode expiatório

Outro dia ouvi dizer que determina pessoa era bode expiatório numa reunião, como se ela fosse espiã. Houve uma confusão linguística. O verbo expiar quer dizer “sofrer as consequências, pagar pelos outros”, por isso bode expiatório é pessoa sobre quem se faz recair as culpas alheias ou a quem são imputados todos os reveses. Não confunda “espiar” com “expiar”.

Boêmia ou boemia?

A propaganda da cerveja Bohemia está deixando as pessoas confusas, porque ela diz que a Bohemia (pronunciada como se tivesse o acento) é amiga da boemia. Afinal, é boêmia ou boemia?

Analisando a história da palavra, o correto é dizer boêmia (bo-ê-mia), como palavra paroxítona terminada em ditongo, mas consagrou-se a pronúncia boemia (bo-e-mi-a), sem acento, terminada em hiato.

Aliás, a marca da cerveja tem “h” porque na ortografia da época, 1853, quando foi criada a cerveja, a letra indicava que sílaba anterior era a tônica da palavra.

Boemia (ou boêmia) tem o sentido melhor quando quer dizer roda de intelectuais, artistas que leva a vida bebendo e divertindo-se. No pior sentido, significa procedimento de quem é vadio e pândego.

Segundo o dicionário Houaiss, a palavra veio do francês “bohême” ou “bohème” (1372), significando habitante da Boêmia, vindo do topônimo latino medieval Bohemus, no latim clássico Boihaemum (nome do país de povo celta na Europa central). Também teve a acepção (1522) de cigano, membro de tribos errantes tidas como originárias da Boêmia. Segundo a filologia histórica, em 1899, Bohêmia era registrada com a letra “h” e com acento.

O correto é boêmia, mas essa forma está se tornando um arcaísmo ou apenas a pronúncia da marca da cerveja. A predominante hoje é bo-e-mi-a.

Brasileiro e não brasiliense. Por quê?

O português dispõe de vários sufixos para formar adjetivos pátrios. Os mais usados são:
—ÊS: português, chinês, neo-zelandês, calabrês, holandês.
—ANO: americano, italiano, californiano, baiano, boliviano.
—INO: belo-horizontino, bragantino, argelino, marroquino, londrino, florentino.
—ÃO: alemão, lapão, afegão, catalão, coimbrão, gascão, parmesão (de Parma).
—ITA: israelita, iemenita, moscovita, vietnamita
—ENHO: costa-riquenho, hondurenho, porto-riquenho (de topônimos do espanhol).
—ISTA: santista, paulista, campista (raro).
O sufixo —eiro, por sua vez, é muito usado para indicar profissão ou atividade: jornaleiro, sapateiro, cabeleireiro, ferreiro.
Isso explica por que os nascidos no Brasil são brasileiros (e não brasilenses): essa era a denominação dos que trabalhavam, nos primeiros dias do descobrimento, na extração do pau-brasil, e passou a designar todos os que nasciam aqui nesta terra.
Da mesma forma, chamamos de mineiros os que nascem em Minas Gerais, palavra que já existia como profissão. Adjetivos pátrios com a terminação —eiro são muito raros e não devem chegar a meia dezena.
Brasiliense, hoje, é adjetivo pátrio de Brasília, capital do Brasil.

Broxa ou brocha?

Fui escrever a minha coluna "Entrelinhas" e registrei "homem brocha". Aquele que perde a potência sexual. A dúvida me corroeu. Com "x" ou "ch"? Abri meu Aurélio eletrônico no computador onde escrevia, pois dicionário não é pai-dos-burros, é o protetor dos cuidadosos, previdentes. Lá a palavra era escrita com "x". Fiz a alteração no texto.
Cheguei à redação desta Folha à tarde, minha visita diária. O Matias (Antônio Matias Alves, editor de "Mundo") me questiona: como eu havia escrito "broxa" com "x" se era com "ch". O pessoal da redação gosta de achar deslizes em meus textos, pois sou o chato que comenta profissionalmente os erros deles, e gosto disso, porque sempre digo que todos erram, por isso não dispenso uma boa leitura de meus textos pelo editor.
Perguntei ao Matias onde ele havia encontrado "brocha" com "ch" se no Aurélio está com "x". Ele me respondeu que o dicionário Hoaiss registra a palavra e seus derivados com "ch" e ainda, no verbete "broxa", expressa recomendação para que se escreva com "ch".
O Aurélio reserva a palavra escrita com "ch" no sentido de prego ou encadernação, pois vem da palavra francesa "broche". Cadernos de brochura, por exemplo. E "broxa", também do francês "brosse", para pincel grande, de pêlos ordinários, usado em pintura pouco apurada, e outros sentidos.
Já o Hoaiss registra a palavra de uma forma só, apenas com "ch", e sabe que sua posição é polêmica diante da tradição do Aurélio, por isso no verbete "brocha" busca razões etimológicas (de origem) para justificar a sua posição.
O Michaelis segue a mesma posição do Aurélio.
Nessa briga, os pobres usuários ficam desorientados. Escrever só com "ch" facilita ortograficamente, mas a diferenciação ortográfica refletindo no sentido da palavra já é uma tradição. Fico com o Aurélio.

Em Portugal:
Sr. Hélio Consolaro,
Li o seu artigo sobre a indefinição ortográfica à volta de broxa e brocha.
Procurei no Dicionário de Sinónimos da Porto Editora, e lá encontrei brocha como sinônimo de impotente.
Também consultei o dicionário da Porto Editora na internet, tendo lá encontrado, na entrada brocha, a expressão portuguesa "andar à brocha" que significa "ter dificuldades".
Em Portugal parece ser preferida a grafia brocha em conotação com impotência e com dificuldade.
(Henrique Carlos, Suécia)

Bufê ou bifê?

A língua francesa nos forneceu um grande conjunto de palavras, muitas já devidamente aportuguesadas: ateliê, abajur, boate, batom, chofer, detalhe, garçom, marrom, vermute... No caso de buffet, a forma aportuguesada é bufê. Garage, por exemplo, é palavra francesa. É melhor usar a forma aportuguesada garagem, com a terminação agem, como tantas outras palavras da língua portuguesa: viagem, paisagem, plumagem, contagem...  

Ensino com Tecnologia - Professor Osvaldo Andrade
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