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Letra M
Madrasta - casais separados
Quando os pais se separam e a mãe/pai da
criança ainda são vivos, os atuais
esposo (a) do pai e da mãe são madrasta
e padrasto mesmo? Não há outra palavra
para esses novos companheiros do pai e
mãe? Eliane Ferrari.
RESPOSTA: madrasta é uma palavra de
origem latina, significa “mulher do
pai”, mas o Houaiss dá como sentido
básico “mulher em relação aos filhos
anteriores do homem com quem passa a
constituir sociedade conjugal”.
Padrasto (palavra de origem latina,
ligada ao radical “pater”): homem em
relação aos filhos anteriores da mulher
com quem passa a constituir sociedade
conjugal. Então, não há outra palavra,
mais bonita. Os filhos costumam dizer
“namorado da mãe”, “namorada do pai”,
como eufemismo.
Magérrimo/macérrimo/magríssimo
O Moderno Dicionário da Língua
Portuguesa, Michaelis, registra magérrimo
como superlativo absoluto sintético de
magro, embora considere este termo uma
forma anormal, sendo a correta
macérrimo. Ainda registra magríssimo.
A Nova Gramática do Português
Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley
Cintra, só refere macérrimo e
magríssimo. O Dicionário de
Dificuldades da Língua Portuguesa, de
Domingos Paschoal Cegalla, diz no
verbete macérrimo, o seguinte: "(...) A
forma magérrimo é anormal. Prefira-se
macérrimo (forma erudita) ou magríssimo
(forma vulgar)."
Já o Dicionário de Questões Vernáculas,
de Napoleão Mendes de Almeida, só
registra, para superlativo sintético de
magro, as formas magérrimo e
magríssimo.
Mais informações/ maiores
informações
O sentido da palavra maior está
relacionado com tamanho, espaço,
intensidade, duração, grandeza, número,
importância, como: máximo, superior. O
maior dos artistas; um maior período de
tempo; o maior lápis.
"Para maiores informações..." está, na verdade, querendo dizer "Para outras (ou mais) informações...", porque não existe uma relação entre tamanho e informações. Use mais informações, fica melhor.
Maioria foi/ maioria foram
O verbo deve concordar com o sujeito,
não há outra alternativa.
Exemplo: A maioria foi embora.
Mas há polêmica quando se determina a
maioria.
Exemplo: A maioria dos alunos foi
embora.
Há gramáticos que admitem a concordância
com o determinante do coletivo:
A maioria dos alunos foi (ou foram)
embora.
A multidão de torcedores fanáticos
aplaudiu (ou aplaudiram) a jogada.
Dizem os contrários a essa concordância
que o sujeito nunca pode começar por
preposição (dos alunos/ de
torcedores...).
Mais melhor
Por que a expressão "mais melhor" é
condenada, enquanto "muito melhor" não
é. Se "muito" e "mais" são advérbios de
intensidade, por que um é admitido
diante de adjetivo no grau superlativo e
o outro não? (Login: prc)
RESPOSTA: meu caro, a língua não tem
lógica, porque quem a faz é o povo. O
professor de oratória Reinaldo Polito
tem um livro prefaciado por Pasquale
Neto, cujo título é "Fale muito melhor".
Pensando como sistema, realmente a forma
mais correta seria "Fale melhor", pois
melhor, no caso, significa "mais bem".
A primeira incongruência do sistema é
ter superlativo de um advérbio, e a
segunda é usar duplamente a intensidade.
"Fale muito melhor" significaria "Fale
muito mais bem".
Na dinâmica evolutiva da língua,
"melhor" está perdendo o caráter de
superlativo, por isso acontecem tais
construções.
Pensando como purista, a sua indignação
tem fundamento; como linguista, a
construção é explicável.
Mais pequeno/ mais grande
No Brasil, "mais grande" e "mais
pequeno" como grau comparativo de
superioridade de adjetivos podem ser
usados desde que sejam qualidades
comparadas no mesmo substantivo.
Exemplo: Joaquim é mais pequeno do que inteligente. Joana é mais grande do que bonita.
No linguajar coloquial, eles são muito usados em comparativos de superioridade entre seres diferentes.
Em Portugal, diz o site www.ciberduvidas.com que é usual "mais pequeno".
Maiúsculas - emprego de letras
Há línguas que exageram no emprego da
inicial maiúscula. O alemão, por
exemplo, chega a iniciar todos os
substantivos com letra maiúscula. No
português as últimas normas são de 1943.
Há usuários que economizam as maiúsculas
e outros abusam de seu uso. Os grandes
jornais possuem seus manuais de redação
como referência, que nem sempre acatam o
sistema quando o assunto é a letra
maiúscula.
Os pronomes de tratamento devem ser grafados com maiúscula, como: Vossa Excelência, Vossa Senhoria. Isto herdamos da tradição de tratar as autoridades com respeito e, às vezes, subserviência.
Toda citação entre aspas deve iniciar
com maiúscula, mesmo que ela não venha
depois de dois pontos.
Exemplo: Quando escreve que "O mistério
é o encanto da vida.", Machado de Assis
estava definindo o seu processo criador.
Isso não acontece se a frase for
reproduzida pela metade, como: "... é o
encanto da vida."
Nomes de meses não devem ter a
inicial maiúscula.
Exemplo: No mês de junho, as bombinhas
começam a estourar nas escolas.
Falar que os nomes próprios iniciam com
letra maiúscula é dizer o óbvio, mas
como o óbvio às vezes precisa ser dito,
vamos lá.
a) nomes de pessoas, incluindo alcunhas.
Exemplos: O sonho de Alexandre, o
Grande, era dominar o mundo.
b) Nomes de entidades sagradas,
religiosas, mitológicas.
Exemplos: Deus, Alá, Jeová, Tupã,
Júpiter, Espírito Santo, Nossa Senhora.
É tradição religiosa usar maiúscula
inicial nos pronomes referentes a Deus e
a Maria.
Exemplos: A Ele rogamos e nEle
confiamos.
A Ti (ou a Vós, a Ela) recorremos.
c) Nomes de lugares (países, cidades),
regiões geográficas, topônimos (mares,
rios, lagos, montanhas); linhas
geográficas imaginárias; logradouros
públicos.
Exemplos: O Ocidente e o Oriente devem
lugar por uma coexistência pacífica.
Rua Marechal Deodoro é a mais
tradicional da cidade.
Adriano da Gama Kury recomenda que os
nomes comuns que acompanham os nomes
próprios de acidentes geográficos
escrevem-se com minúsculas: o canal do
Panamá, a ilha da Madeira, o rio
Amazonas. Não é o caso de logradouros
públicos: Praça Rui Barbosa.
d) Nomes de astros, em sentido amplo.
Exemplos: O Sol, estrela de 5ª grandeza,
pertence à galáxia da Via Láctea..."
Quando usados fora do contexto
astronômico, Sol e Lua se escrevem com
minúsculas: banho de sol, namorar à luz
da lua.
e) Nomes de eras e períodos históricos,
épocas e eventos notáveis.
Exemplos: Idade Média, Renascimento,
Proclamação da República.
Adriano Gama Kury defende que neste item
devem incluir-se os nomes de movimentos
estéticos, filosóficos, políticos,
doutrinários.
Exemplos: Classicismo, Romantismo,
Nazismo, Fascismo, Marxismo,
Contra-Reforma.
f) Títulos de livros, jornais, revistas
e produções que tradicionalmente se
escrevem em tipo diferente, o grifo.
Exemplos:
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Folha
da Região, A Adoração dos Magos (quadro
de Leonardo da Vinci).
A Biblioteconomia, defendendo a
uniformidade nas várias línguas, mas
contrariando a ortografia oficial,
recomenda que somente a primeira letra
do nome da obra seja maiúscula. Exemplo:
Memórias póstumas de Brás Cubas, Para
falar e escrever melhor o português.
g) Nomes de instituições públicas e
privadas, agremiações, partidos
políticos e congêneres.
Exemplos: Ministério a Educação, Partido
Popular Brasileiro, Editora Nova
Fronteira, Academia Araçatubense de
Letras, Diciose de Araçatuba.
h) Altos conceitos religiosos, nacionais
e políticos.
Exemplos: a Igreja, a Pátria, a Nação, o
Estado, a Democracia, o Exército, a
Marinha, a Aeronáutica, a República.
Quando usados em sentido geral ou
indeterminado, esses nomes se escrevem
com inicial minúscula.
Exemplos: Costa Rica, pequena república
da América Central...
i)Nomes de "artes, ciências ou
disciplinas, bem como os que sintetizam
em sentido elevado, as manifestações do
engenho e do saber".
Exemplos: Astronomia, Português,
Educação Artística, Medicina, Letras.
Os nomes de idiomas devem ser escritos
com inicial minúscula. Se "português"
for o nome da disciplina do currículo
escolar, a inicial deve ser maiúscula.
j) Nomes de festas religiosas.
Exemplos: Páscoa, Quaresma, Natal.
l) Substantivos comuns personificados e
seres morais e fictícios.
Exemplos: o Amor, a Capital, o Lobo e o
Cordeiro, a Cidade.
m) Nomes que designam altos cargos,
dignidades ou postos.
Exemplos: Presidente da República,
Governador, Prefeito, Papa, Ministro,
Bispo.
n) Nas expressões de tratamento e
reverência, inclusive quando abreviadas,
e nos títulos que as acompanham.
Exemplos: Sr. Diretor, MM. Juiz de
Direito, S. Exª o Ministro da Cultura.
Um bom dicionário apresenta em sua
introdução o Formulário Ortográfico.
Qualquer dúvida, consulte-o. A consulta
sistemática é uma boa forma de
memorização.
Mau / Mal
Mau é adjetivo, palavra
variável, modifica substantivo. Tem
feminino (má) e plural (maus, más).Mal é
advérbio, palavra invariável, modifica
verbo, adjetivo ou outro advérbio. Em
caso de dúvida quanto ao emprego de uma
ou outra palavra, substituí-la pelo seu
antônimo. O antônimo de mau é bom; o de
mal, bem: O garoto tem o mau hábito de
escrever nos muros. Não percebe que, com
isso, faz o mal à coletividade.
Mandar um abraço
Terminar uma mensagem na internet,
mandando beijos é bem normal. Lógico,
entre mulheres ou numa conversa
heterossexual, porque homem mandar beijo
para homem fica sob suspeita.
Outro dia, recebi uma mensagem em que a
pessoa, uma mulher nordestina, a
terminava dizendo: “Um cheiro”.
Expressão pouco usual pela região do
Noroeste paulista.
Ainda é muito usual entre o povo do
Nordeste dizer “cheiro” em vez de beijo.
O "cheiro" é uma aspiração delicada
junto à epiderme da pessoa amada,
crianças em maioria. As narinas sorvem o
odor que parece ao enamorado perfume
indizível.
As mães humildes pedem sempre aos
filhinhos o "cheiro" tradicional. “Dê cá
um cheirinho pra mamãe!...” ou “Um
cheiro, filhinho, para mamãe”.
Naturalmente, gente grande não
desaprende a técnica e apenas muda a
orientação e diz: “Eu ainda dou um
cheiro no cangote daquela malvada...”
Mudando de cheiro para abraço, o
internauta José Willian, de Goiânia,
Goiás, quis saber qual a expressão está
certa: “mande um abraço para o João” ou
“dê um abraço no João”.
O verbo mandar também tem o sentido de
fazer chegar uma mensagem, votos a;
transmitir, enviar. O dicionário Houaiss
dá o exemplo: Mande-lhe lembranças.
Se é possível mandar lembranças, os
usuários da língua já transferiram a
regência também para "abraços". Como
aconteceu com o verbo "namorar". Se é
"casar com", o povão já começou, por
analogia, a dizer e escrever "namorar
com", quando a regência correta é
"namorar o (a)".
O correto é pedir que se dê um abraço,
mas como a palavra "abraço" transcende o
ato de envolver o outro nos braços, se
tratando mais de carinho, apreço, o uso
popular tem uma lógica.
Marmitex
Um internauta escreveu perguntando o
porquê de "marmitex", já que os
dicionários só registram o verbete
"marmita". O termo surgiu com a marmita
descartável, cuja marca devia ser
"Marmitex", como são "Pirex" e "Panex".
Como usar a marca no lugar do produto é
um processo de formação de palavras em
nossa língua, passamos a usar o
neologismo: gilete por lâmina de
barbear, brama por cerveja, ramona por
grampo, xérox por fotocópia.
Também há uma certa dose de "marketing"
na nova nomenclatura. Segundo Célio
Pinheiro, presidente da Academia
Araçatubense de Letras, a palavra
"marmita" está no domínio das classes
populares. Quem usa marmita é boia-fria.
Mudar para "marmitex" foi um recurso
usado para valorizar mais o produto, a
classe média gosta de "glamour".
Mas/ no entanto
Os dois conectivos unem ideias
contrárias, portanto usar as duas na
mesma frase é redundância. Exemplo
errado: Dona Maria saiu cedo, mas, no
entanto, chegou atrasada.
Empregos corretos: Dona Mariana saiu
cedo, mas chegou atrasada ou Dona
Mariana saiu cedo, no entanto chegou
atrasada. O mesmo acontece com “porém”.
Não existe no entretanto.
Mas, más e mais
"Mas" é conjunção coordenativa, com
sentido adversativo. Facilmente
substituída por porém.
Exemplo: Eu perco, mas (porém)
recomeçarei tudo novamente.
"Mais" é advérbio intensidade, ao
contrário de "menos"
Exemplo: As mais belas palavras sempre
saem dos mais belos corações.
"Más" é adjetivo, feminino de "maus",
significa maldosas, ruins.
Exemplo: Pessoas más deveriam fazer
reflexões, mudar suas atitudes.
Mato-grossense-do-sul ou
sul-mato-grossense
Há as duas formas –
mato-grossense-do-sul (dicionários
Aurélio, Michaelis e Houaiss) e
sul-mato-grossense (dicionário Houaiss e
Michaelis). O Aurélio registra, talvez
por cochilo: sul-matogrossense.
Meia-noite ou zero hora?
Leia a informação abaixo passada por um
e-mail a este jornal:
"Nesse dia, 1.º de julho, exatamente, às
00h01 (meia noite e um minuto), acontece
a pré-estreia do filme 'Homem Aranha'
nos cinemas do Araçatuba Shopping".
Não se pretende desmerecer ninguém,
apenas aproveitar o erro para discutir o
assunto, pois com um exemplo concreto, a
aprendizagem fica mais fácil.
Na verdade, o dia não era 1.º de julho,
pois havia passado um minuto da zero
hora. O emissor usou também, entre
parênteses, meia-noite e um minuto
(expressão da oralidade), portanto a
mensagem ficou confusa: 00h01 de
sexta-feira, seria no dia 2; meia-noite
e um minuto de quinta-feira, seria dia 2
de julho. A mensagem queria mesmo dizer
que filme estrearia no dia 2 de julho,
mas foi noticiado erroneamente por
ambiguidade do e-mail.
O Manual de Redação e Estilo, do
Estadão, afirma que "meia- noite" e
"zero hora" se equivalem, mas a primeira
pertence ao dia anterior e a segunda, ao
posterior.
Assim, um aumento entra em vigor à meia
noite da sexta-feira ou à zero hora do
sábado.
Redigir com pressa, sem fazer uma
revisão, questionar se todos vão
entender o sentido pretendido da
mensagem, propicia tais ambiguidades.
Mensagem redigida, com exatidão de
sentido:
"Nesse dia, 2 de julho, exatamente, às
00h01 de sexta-feira (ou meia noite e um
minuto de quinta-feira), acontece a
pré-estreia do filme 'Homem Aranha' nos
cinemas do Araçatuba Shopping".
Meio/ meia
Qual forma está correta? Meio nervosa ou
meia nervosa?
Resposta: A palavra “meio”, quando se
refere a um substantivo, concorda com
esse. Exemplo: Ele tomou meia caneca de
leite/ Márcio comeu meio pão.
Nesse caso, “meia/meio” são numerais,
significam metade.
Mas quando “meio” se refere a um
adjetivo, é invariável, permanece sempre
no masculino e no singular. Exemplos:
Ela ficou meio nervosa./ Lúcio ficou
meio zonzo. Nesse caso, “meio” é
advérbio de intensidade, por isso fica
invariável.
Simplificando: quando “meio” significar
metade, tem masculino e feminino; se o
sentido for “mais ou menos”, não tem
variação.
Há também o substantivo “meia”, peça de
pano que cobre os pés.
Menos pior
Deve-se usar a expressão menos
pior? Se "pior" é comparativo de
superioridade, é incoerente usar "menos
pior", porque indica inferioridade. Se
fosse "menos mal" ou "menos bom", não
haveria problemas.
Na verdade, quem usa "menos pior" está
ignorando o grau do adjetivo, tratando-o
como sinônimo de "mal".
Devemos levar em conta que os usuários
são construtores da língua, portanto, no
uso coloquial, a expressão é aceita,
embora os gramáticos não a aprovem. Não
se atreva a usá-la em documentos
formais.
Há até um filme com essa expressão: Um
Mundo Menos Pior.
Menos ou menas?
A palavra menos não deve ser modificada
para o feminino, porque é advérbio.
Exemplo: Naquele instante não tive menos
coragem do que antes. "Menas" não
existe.
Micro / micros
Micro é uma derivação por redução, como
acontece com motocicleta/ moto. As
palavras reduzidas moto e micro
flexionam em número: o micro/ os micros,
a moto/ as motos.
Em micros e médios empresários, micro é um radical que funciona como um adjetivo, como o prefixo extra em horas extras.
A pluralização é pertinente, pois micros precisa concordar com empresários.
Misto quente ou mixto quente?
Misto é escrito com “s”. Para ter
certeza, basta associar com “mistura”,
palavra da mesma família de “misto” e
que ninguém hesita em escrever com “s”.
Moji ou Mogi
Gostaria de lhe fazer algumas perguntas
(Gustavo C. Del Bianco). Estou estudando
para alguns concursos e vi nos livros
algo que me deixou em dúvida. Sempre vi
a palavra Mogi escrita com a letra G,
porque a cidade de Mogi-Mirim é dessa
forma. Os livros registram que Mogi é
uma palavra indígena e o som /gê/ nas
palavras indígenas é sempre grafado com
a letra J, então Mogi seria Moji, isso
se confirma?
RESPOSTA: Sim, mas como a língua é feita
pelo costume, mudar isso agora, para
atender à regra, é impossível. Nem os
moradores de lá aceitam a mudança.
Moral
O moral: substantivo masculino,
significa coragem, estado de espírito.
Exemplo: O moral de cada homem deve ser
preservado.
A moral: substantivo feminino,
significa conclusão moral que se tira de
um fato.
Exemplo: A moral da história teve
excelente repercussão.
Morar, residir, situar-se
(regência)
Estes três verbos são como três irmãos,
têm o mesmo sangue (sinônimos) e as
mesmas aspirações (regências). São
intransitivos. Morar, residir, situar-se
regem a preposição "em". Exemplos:
Moro na rua Jardim Brasil.
Residiu na rua Nilo Peçanha.
A sede do jornal situa-se na rua Afonso
Pena.
A moto-táxis ou o mototáxis
O leitor Alaor Tristante Júnior escreveu
para esta coluna. Ele comentou a questão
do uso de tal termo nos jornais locais.
Ele considera correta a forma com hífen,
com o qual concordo, mas discordo dele
em alguns aspectos.
Entre os especialistas de Língua
Portuguesa, há o consenso de que existe
no Brasil a chamada "Ditadura do
Aurélio". Se estiver nos dicionários, ‹
lei, embora nem sempre eles acertem.
Mas... se não estiver no Aurélio, dá a
maior confusão.
Assim está acontecendo com a escrita da
palavra moto-táxi. O uso do hífen não
foi bem regulamentado pelo Vocabulário
Ortográfico da Língua Portuguesa, por
isso o seu uso se dá por analogia e pelo
bom senso.
MOTOTÁXI - quem usa esta forma justifica
que "moto" (abreviatura de motocicleta)
e "táxi" (abreviatura de taxímetro) são
dois radicais, por isso não seguem as
regras dos prefixos. Se "minissaia",
"psicossocial", "videorrepórter" são
juntos, por que não juntar "moto +
táxi". Esse procedimento facilita o
plural da palavra e de suas derivadas,
pois é só pôr a desinência "s" no final
delas: mototáxis, mototaxistas.
Usar "o mototáxi", no masculino, parece
não encontrar paralelo na língua, pois,
embora não se use o hífen, "táxi" o
tipo de moto. Mototáxi seria a moto do
tipo táxi, que faz corrida. Veja a
palavra composta "o banho-maria", o
masculino do primeiro termo (o banho)
determinou o gênero da palavra toda (o
banho-maria), como acontece nas
sociedades machistas, o feminino de "maria"
não contou. O correto é o feminino: "a
mototáxi" ou "a moto-táxi".
Na época da polêmica, um leitor me
telefonou dizendo que pode ser usado o
moto-táxi (ou o mototáxi) se tiver
subentendida a palavra "serviço",
portanto a expressão completa ficaria
assim: o (serviço de) moto-táxi. Ele tem
toda razão, pois neste caso há uma
silepse de gênero, como se emprega em "O
(time) AEA...", "A (cidade) Rio de
Janeiro..."
MOTO-TÁXI - quem usa esta forma
justifica que "moto" e "táxi" possuem
independência fonética, ou seja, cada
palavra tem sua sílaba tônica, e há uma
paradinha na pronúncia entre as duas
palavras. Este procedimento dificulta o
plural, porque os dois elementos da
palavra composta são separados por
hífen, por isso possuem regras
especiais. E sendo o segundo elemento
substantivo e determinante do primeiro -
só este vai para o plural. No caso, o
plural de "moto-táxi" é "motos-táxi",
porque as motocicletas são muitas, mas o
tipo um só. Já há a tendência
registrada por algumas gramáticas de
pluralizar os dois: hora-atividade =
horas-atividade ou horas-atividades/
moto-taxi = motos-táxi ou motos-táxis.
Já "moto-taxista" faz o plural em
"moto-taxistas" porque, neste caso, quem
determina é o primeiro elemento. Que
tipo de taxista é o sujeito, ele é
moto-taxista. Numa sala poderá haver 15
moto-taxistas reunidos e nenhuma moto.
Em conversa telefônica com Célio
Pinheiro, ex-presidente da Academia
Araçatubense de Letras e professor de
Português, ele prefere a primeira forma.
Enquanto Lúcia Piantino, membro da AAL,
Adauto Vilela - professores de Português
- preferem a forma com hífen. A Gazeta
Mercantil, segundo Adauto Vilela, já
grafou o termo com hífen.
As duas formas são possíveis dentro de
nosso sistema linguístico: a mototáxi, a
moto-táxi. Não há paralelo na língua
usar "o mototáxi", no masculino. A forma
que aparecer na próxima edição do
Aurélio será consensual.
Muçarela ou Mussarela
Livros, jornais e supermercados trazem
“mussarela”. Certamente esta forma muito
difundida irá prevalecer, mas o Aurélio
apresenta o verbete “mozarela”, enquanto
o Michaelis registra as duas formas:
mozarela/muçarela. Nenhum registra
“mussarela”.
Napoleão Mendes de Almeida em seu
Dicionário de Questões Vernáculas e o
Manual de Redação e Estilo do Estadão
apresentam a forma "musssarela"
A palavra ficou com duas grafias porque
os gramáticos disseram uma coisa, e o
povo fez outra. Veja: casserole
(francês) deu "caçarola" em português.
Som de dois esses de palavra
estrangeira, quando aportuguesada, passa
para a letra "ç". Como no italiano
"mozzarella" tem duas letras "z",
passamos automaticamente para duas
letras "s". E assim consagrou-se
"mussarela". E essa está prevalecendo.
Muito obrigada, eu mesma, eu
própria
As mulheres devem dizer: muito obrigada,
eu mesma, eu própria.
Os homens devem dizer: muito obrigado,
eu mesmo, eu próprio.
Música/ músico
Parece esquisito, mas feminino de
“músico” (o profissional) é música (a
profissional). Há coincidência com o
substantivo música no sentido de “arte e
ciência de combinar os sons de modo
agradável ao ouvido”.
Assim acontece com o clínico geral (o médico) que faz o feminino em clínica geral (a médica).