| A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | V | Z | |
Letra T
Tão pouco e tampouco
A expressão "tão pouco" acompanha um
substantivo; e a palavra "pouco", no
caso, é variável. Veja:
Eu tive tão pouco tempo para preparar a
festa de Natal.
Eu estava com tão pouca disposição para
o trabalho!
A expressão "tampouco" se refere a um
verbo; é, portanto, invariável e
significa "também não". Veja:
Se a professora não resolveu o problema,
tampouco o inspetor o resolverá.
Tapuer
Aquelas vasilhas de plástico que
servem para guardar comida na geladeira
e eram vendidas em reuniões domiciliares
tinha a marca Tupperware. Eram
caríssimas, adquiridas apenas por
madames.
Hoje, alguns anos depois, tais
recipientes de plásticos são comuns,
produtos preferidos das lojas de R$
1,99, mas como temos a mania de trocar a
marca pelo produto, como chamar de
gilete qualquer lâmina de barbear, de
brama todas as cervejas e bombril
qualquer palha de aço, tupperware passou
a designar qualquer vasilha de plástico.
Tal estrangeirismo não consta de
dicionários, nem a forma aportuguesada
tapuer. Há na internet o registro também
de “tapoer”.
Taramela ou tramela?
As duas formas existem. No sentido de peça de madeira, que gira ao redor de um pino. Tramela é a pronúncia popular de taramela.
Tem/têm
Tem (singular): Marcos tem muitos
brinquedos.
Têm (plural): As crianças têm muitos
brinquedos.
Não existe a forma "têem".
Assim também se conjuga o verbo vir:
Vem (singular): Alberto vem para cá
hoje.
Vêm (plural): Papai e mamãe vêm para ver
a situação.
A forma "vêem" é do verbo "ver".
Terçol ou tersol
Não existe “tressol”. O que existe é “terçol” com “ç” (pequeno abscesso no bordo as pálpebras) e “tersol” com “s” (toalha de igreja para o sacerdote limpar as mãos). Também estão erradas as palavras: desinteria, estigmatismo, infarte, panariço. Estão certas: disenteria, astigmatismo, enfarte, enfarto ou infarto, panarício ou panariz.
"Ter que" ou "ter de"?
Não há uma regra definitiva. Existem
duas regras que estão se tornando
consenso. Elas vão transcritas abaixo.
Na dúvida, o leitor deve escolher a que
mais lhe convier.
1) Recomenda-se o uso de “ter que”
quando se subentende alguma coisa antes
do “que”. Exemplos: Tenho muito (muitas
coisas) que fazer hoje. / Tinha (coisas)
que fazer. /Terá explicações que lhe
fazer.
2) Aconselha-se o uso de “ter de” se
antes do “de” se subentende alguma
necessidade ou obrigação. Exemplos:
Tenho (obrigação ou necessidade) de
fazer isso hoje./ Tinha (necessidade)
de comprar o remédio. / Temos obri-gação
de prevenir tudo.
Na verdade, o leitor deve escolher a que
mais lhe convier.
Terminar / acabar
"O prefeito terminou de chegar para o
ato público", disse o repórter. Na
verdade, seria mais adequado falar: "O
prefeito acabou de chegar para o ato
público".
Deve-se evitar o uso do verbo terminar
mais infinitivo. Em vez de "terminou de
chegar", é melhor "acabou de chegar"; em
vez de "terminou de escrever um livro",
prefira "acabou de escrever um livro".
Como escreve o professor Sérgio
Nogueira: "acabar também merece uma
observação. Devemos evitar seu uso com
os verbos começar, iniciar, terminar ou
com o próprio verbo acabar. Observe como
soam estranhas as construções a seguir:
O jogo acabou de começar; O filme acabou
de terminar. Pior ainda é a aula que
acabou de acabar".
Tigresa
A edição de 1964 do dicionário Aurélio já registrou a forma “tigresa” para o feminino, como uso próprio do estado do Paraná. Caetano apenas generalizou-o para todo o Brasil com sua música, pois todos os dicionários atuais apontam “tigresa” como feminino de tigre. A gramática de Celso Cunha, atual, versão eletrônica, continua registrando o substantivo “tigre” como uniforme, ou seja, de gênero epiceno: tigre macho, tigre fêmea. Não a atualizou ou acha inadmissível tal feminino.
Til - onde colocá-lo?
Ao escrever um texto à mão, às vezes, as
pessoas têm dúvida onde colocar o til,
principalmente nas terminações “oes”,
“aos”e “aes”. Há quem faça um til maior,
pegando as duas vogais. Isso não é
correto.
O til é colocado sobre as vogais “a” e
“o” para indicar a nasalização dessas
vogais ou do ditongo de que fazem parte.
Segundo o professor Odilon Soares Leme,
nos documentos antigos, em português ou
latim, feitos pelos copistas, esse sinal
era colocado sobre a vogal para
substituir as letras m ou n, geralmente
do final da palavra. Tem a forma de um S
deitado e invertido, ficando parecido
com um n pequeno, colocado sobre a
letra. A palavra til veio para o
português do castelhano tilde, que por
sua vez remonta ao latim titulus, com o
significado de "inscrição", "algo
sobrescrito".
No espanhol, o til é usado sobre o n
para formar a letra ñ (eñe), que
corresponde ao nosso nh, como na palavra
niño, que quer dizer "menino".
No português atual, o til se coloca só
sobre uma letra, para indicar a
nasalização do a (irmã), ou a
nasalização dos ditongos: ãos (irmãos),
ões (limões), ães (pães).
Tipo assim
Aceitável apenas na linguagem coloquial (mas não nos textos formais) em frases como: Um grupo de empresários esteve na cidade tipo assim, assuntando./Era um homem tipo assim, quem tudo sabe./Era uma mulher tipo assim, perua. Nem metaforicamente (pela linguagem figurada ou transporte de significados) há lógica na expressão. O que vemos é uma chuva de “tipo assim, cara..”, “tipo assim, não gosto de estudar.” É um modismo da juventude, como acontece com todas as gerações.
"Tipo assim" e "a nível de"
Aceitável na linguagem coloquial, mas
abominadas pela gramática tradicional
nos textos formais, as frases: Um grupo
de empresários esteve na cidade tipo
assim, assuntando./Era um homem tipo
assim, quem tudo sabe./Era uma mulher
tipo assim, perua.
Nem metaforicamente (pela linguagem
figurada ou transporte de significados),
há lógica na expressão. Atualmente, há
uma chuva de "tipo assim, cara..", "tipo
assim, não gosto de estudar." É um
modismo da juventude, como acontece com
todas as gerações.
"A locução 'a nível de', modismo
desnecessário e condenável, tornou-se
uma das mais terríveis muletas
lingüísticas da atualidade, em
substituição a praticamente tudo que se
queira", afirma Eduardo Martins, no
Manual de Redação do Estadão.
O manual apresenta alguns exemplos de
como evitar a expressão: Decisão "a
nível" de diretoria (decisão de
diretoria). / Decisão "a nível" de
governo (decisão governamental). /
Reunião "a nível" internacional (reunião
internacional). / O clube está fazendo
contratações "a nível de" futuro
(contratações para o futuro). / A
proposta pelo jogador será "a nível de"
(em torno de) 5 a 6 milhões de dólares.
/ Pude avaliar o técnico "a nível de"
(como) uma pessoa pública. / Ela, "a
nível da" (em relação à) eleição, só
pretende votar bem. / "A nível de"
(como) jornalista, prefere assuntos mais
leves.
Em determinados casos podem ser usadas
as locuções "no plano (de)" e "em termos
de". Ou, em última instância, "no nível
de" e "em nível de" (uma vez que "nível"
rejeita o a sozinho): Os candidatos
teriam hoje, "a nível" nacional (no
plano nacional, em termos nacionais),
24% das intenções de voto. / O grupo
elevou a entidade "a nível"
primeiro-mundista (ao nível
primeiro-mundista).
Existe ainda "ao nível de", mas apenas
com o significado de "à mesma altura":
ao nível do mar.
Tivesse ou estivesse?
Internauta pergunta se na frase "... ele
sentiu-se como se tivesse (ou se
estivesse) fazendo...". Qual é diferença
entre tivesse e estivesse?
Estivesse é do verbo estar, enquanto
tivesse, do verbo ter.
Como no linguajar popular se fala, às
vezes, "tava" em vez de estava, "tá" em
vez de está, quando o usuário chega ao
pretérito imperfeito do
subjuntivo,acontece também "tivesse"em
vez de estivesse.
Como "tivesse" existe também no verbo
TER, surge a confusão. Conjuguemos os
dois verbos no pretérito imperfeito do
subjuntivo:
ter: se eu tivesse, se tu tivesses, se
ele tivesse, se nós tivéssemos, se vós
tivésseis, se ele tivesse.
estar: se eu estivesse, se tu
estivesses, se ele estivesses, se nós
estivéssemos, se vós estivésseis, se
eles estivessem.
"Estar" e "ter"são verbos auxiliares
também, fazendo parte de locuções
verbais: tenho calado/ tivesse calado,
estava calado/ estivesse calado, por
isso a confusão se aprofunda ainda mais.
Recomendei à internauta que fizesse o
teste, mudando o tempo verbal do verbo
em questão, no caso de sua frase:
... ele sentiu-se como se tivesse ou se
estivesse fazendo ...
... ele sentiu-se como se tinha ou se
estava fazendo ...
Qual das alternativas deu sentido?
Lógico que foi "estava fazendo". Então,
na sua frase, o certo é "estivesse
fazendo".
Dou o mesmo conselho ao internauta.
Todo / Todo o
Todo o (toda a) significa inteiro: Andou por toda a cidade (pela cidade inteira); Toda a bancada (a bancada inteira) foi advertida.Sem o artigo, todo (toda) quer dizer cada, qualquer: Em toda cidade (qualquer cidade) por onde andou, obteve expressivo apoio; Todo homem (cada homem) é mortal; Toda nação (qualquer nação) tem inimigos. No plural, todos exige o artigo os: Todos os eleitores depositaram seus votos na urna; Era difícil apontar todas as contradições do texto.
Torácica ou toráxica?
Tórax é escrito com x, mas o adjetivo torácico é com c. Fenômeno semelhante ocorre com as palavras terminadas em z: feliz, voraz, feroz, veloz. Embora sejam escritas com a letra z, é interessante observar que o som é de s. E, para manter esse som de s, as palavras derivadas são escritas com c: felicidade, voracidade, ferocidade, velocidade.
Translineação – divisão silábica
Translineação significa mudança de
linha.
1. Evite-se escrever uma vogal
isolada no fim ou no início de uma
linha. Exemplo: a-cento ou
assembleia.
2. Evite-se separar as sílabas de
nomes personativos (próprios).
3. Evite-se deixar em uma das
linhas uma parte da palavra que possa
ser lida como calão ou baixo calão.
Exemplos: após-tolo, vaga-bunda.
4. Evite-se separar o hiato em
final de palavra. Exemplo: já-ú (o
peixe).
5. Para alguns autores, quando a
translineação acontece num lugar da
palavra em que há hífen, este se repete
no início seguinte. O computador não faz
isso. Exemplo: disse-/-lhe ou
infra-/-som.
(in Gramática pela Prática, Ernani
Filgueiras Pimentel, Editora VestCon).
Tisuname ou tsunami ou tisunâmi?
O vocábulo chegado da Ásia é masculino
ou feminino? O jornal O Globo oscilou
entre masculino e feminino. Por fim,
rendeu-se ao feminino. Mas a TV Globo
preferiu onda gigante.
O Estado de São Paulo adotou o
masculino, pois utilizou como critério
que está implícito ali um fenômeno e não
uma onda. Quem adotou o feminino,
considerou que está subentendido ‘onda’.
Foi o caso desta Folha.
O dicionário Houaiss afirma que
‘tsunami’ veio do japonês ‘tsu’, porto,
e ‘nami’, onda (masculino). Já para a
esteira de palha de arroz, presente nas
residências japonesas e utilizadas nas
lutas de caratê e de judô, o mesmo
dicionário registra ‘tatame’ e ‘tatâmi’,
ambos masculinos, mas adverte que a
segunda opção é menos usada.
Por que não ‘tisuname’?
Sou pelo aportuguesamento, mas nas
minhas férias esta Folha adotou tsunami
(feminino). Não houve erro, foi uma
opção. Na importação de neologismo, no
início, não há um consenso, os
estudiosos ainda estão tateando,
consolidando conceitos. Assim, cada
órgão de imprensa toma uma posição.