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Letra N

Namorar o/ namorar com?
Embora o Sílvio Santos fale namorar com, a regência deste emprego do verbo namorar está errada, segundo os padrões cultos da língua. O usuário popular da língua acaba fazendo um paralelo com o verbo casar, cuja regência é casar com e lasca o namorar com. Casar com está correto, namorar com, errado. Exemplo correto:
João Alfredo namora a Maria Flávia. 

Nacionalidade
Ao preencher um formulário, escreva, quando se pede a nacionalidade, BRASILEIRA, pois o adjetivo precisa combinar com o substantivo NACIONALIDADE. Mas há quem defenda que se coloque BRASILEIRO para homem e BRASILEIRA para mulher.

Não - uso do hífen
O uso do hífen com a palavra "não"
O uso do hífen (-) não é uma questão pacífica em nossa língua escrita. Adriano da Gama Kury chama-o de tracinho trapalhão, porque o Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras, de 1943, deixou a regularização de seu uso com muitas omissões, por isso os problemas devem ser resolvidos pelo método da analogia ou pelo bom-senso.
Quando se trata da palavra "não", a coisa se complica mais. Segundo Luiz Antônio Sacconi, usa-se hífen quando ela funciona como autêntico prefixo de substantivos, equivalente a "in-". Exemplos: a não-intervenção, o não-pagamento, o não-comparecimento.
Se o "não" anteceder adjetivo, não haverá hífen. Exemplos: livro não descartável, bens de consumos não duráveis, infinitivo não flexionado, menor não infrator, problemas não resolvidos, governo não comunista.
Considero deselegante usar o não (tanto no substantivo como no adjetivo) quando for possível aplicar o prefixo "in". Exemplos: existente/inexistente, existência/inexistência.
O Dicionário Aurélio apresenta o hífen também com o "não" antecedendo o adjetivo, como "não-identificado". Caso o adjetivo for substantivado com o "não", no caso de "não-participante", considero o hífen indispensável, como no exemplo seguinte: Os não-participantes são os sócios mais críticos. 
Cândido Jucá Filho, em seu  Dicionário Escolar das Dificuldades da Língua Portuguesa (Edição do Mec), afirma no verbete "não" que a palavra funciona como adjetivo, quando acompanha substantivo. Ele apresenta vários exemplos. Destaco este: O meu não conhecimento do caso me arrastou a esta falta. Jucá não põe hífen em "não conhecimento". 
O critério adotado por Sacconi parece ser mais lógico.

Nem um ou nenhum?
A expressão "nem um" equivale a "um só", "sequer um". Exemplos: Não me deram nem um real a mais./ Não lhe sobrava nem uma hora para ficar com a família. Nesses casos, UM é numeral.
O pronome indefinido "nenhum" corresponde a "algum" (posposto ao substantivo). Exemplos: Esta cédula não tem nenhum valor (Esta cédula não tem valor algum)./ Não tenho nenhuma pressa (Não tenho pressa alguma).

Nível
"A nível de" ou "em nível de"?
Empregar "a nível de" no sentido de "no que diz respeito a", "em relação a", "em termos de" é inadequado. Se optar por usá-la, empregue com a preposição em.
Exemplos:
Em nível de Brasil, verificam-se grandes diferenças regionais.
Não há outra opção melhor do que Araçatuba, em nível de pecuário no estado de São Paulo.
A expressão a nível de deve ficar restrita ao sentido de nivelamento.
Exemplo:
Birigui não fica ao nível do mar.
As águas chegaram a um nível insuportável.
As expressões como em termos de, no que concerne a, no que diz respeito a são bem mais expressivas.

Nobel 
O certo é dizer No-bel (com a última sílaba tônica).

No entanto/ no entretanto?
Há muita gente que escreve erroneamente "no entretanto", quando a locução conjuntiva correta é "no entanto". Forma correta: Trovejou, no entanto não choveu. Forma errada: Trovejou, no entretanto não choveu

Nomes próprios - plural
Os nomes próprios, de acordo com determinação do Formulário Ortográfico, seguem as mesmas normas dos nomes comuns e por isso têm plural, como: os Dungas, as Ednas, os Andorfatos, Papais Noéis, os Corsas, os Corcéis, os Fords, Gols.

Segundo Luiz Antonio Sacconi, Eça de Queirós escreveu “Os Maias” e não “Os Maia”, como existem Rua dos Gusmões, Rua dos Andradas. Camões escreveu: Os Afonsos, os Almeidas.

Se o nome termina em S ou em Z, fica invariável: os Quadros, os Rodrigues, os Vaz, os Moniz.

Convém lembrar que os nomes e sobrenomes compostos só têm o primeiro elemento variável. Exemplos: Os Luíses Antônio, as Marias Antonieta, os Almeidas Prado.

Aqui há uma discordância entre Eduardo Martins (Almeida Prados) e Sacconi (Almeidas Prado).

Nomes próprios - topônimos
Há pessoas que questionam o porquê da Folha da Região grafar Luís Pereira Barreto (com S) em seus anúncios, enquanto as placas das ruas são escritas com Z..

Noutro dia, na série “Se esta fosse minha”, saiu Luiz Pereira Barreto. Como consultor de língua portuguesa do jornal, conversei com o editor de Cidades, explicando-lhe os motivos.

Se a pessoa for viva, obedece-se a grafia original, aquela da certidão de nascimento. Se lá estiver escrito Luiz, Rachel, conforme a grafia antiga, antes de 1943, respeita-se tal maneira de escrever, pois se trata até de uma questão jurídica, se atualizar, a pessoa poderá perder direitos.

Se a pessoa for falecida, atualiza-se a ortografia. Há gramáticos que defendem a atualização em vida mesmo, quando a personalidade tiver seu nome citado pelo jornal, por exemplo.

A Folha da Região segue o Manual de Redação do Estadão (p. 193, 3.ª edição) que respeita a ortografia original enquanto a pessoa for viva. Há dois anos atrás, escrevia-se Rachel de Queiroz, pois a escritora estava viva. Agora, já falecida, grafa-se Raquel de Queirós. Assim acontece com os nomes das ruas.

Acontece que a rua Luís Pereira Barreto é antiga e algumas de suas placas foram fixadas nas paredes há muito tempo, por isso o nome da rua está grafada em grafia arcaica, não foram atualizadas. E é até bom que permaneça assim, como testemunho histórico. Afinal, Araçatuba tem a fama de não preservar sua memória.

É possível também que nas placas novas, a Prefeitura, arbitrariamente, tenha mantido o Z nas placas novas.

O jornal é um instrumento de leitura mais democrático, mais acessível à população. Mais que a revista, mais que o livro, por isso ele tem o papel de formar bem o leitor na língua escrita. Há ainda falhas na Folha da Região, pois erro zero em jornal é impossível, mas procura-se fazer o melhor.

Muitos alunos escreviam "páteo" nas redações escolares, quando é pátio, por causa de uma loja de móveis nos altos da av. Brasília. Também acontecia isso com a nomenclatura misto quente, alunos grafavam "mixto quente" por haver uma lanchonete com esse nome. Como marketing, nota 10, mas atrapalha o ensino da ortografia.

Assim acontece com o bairro Juçara. A TUA registra em seus letreiros o nome do bairro com dois esses (Jussara). Algumas mulheres têm seus nomes grafados assim também: Jussara. O primeiro a escrever o nome do loteamento, por desconhecimento, marcou-o com SS, mas a grafia correta é com Ç, pois é nome indígena: designa um tipo de palmeira.

Há exemplos históricos a respeito disso. Mogi Guaçu e Mogi Mirim sofrem disso também, pois o correto é Moji Guaçu e Moji Mirim, pois são nomes indígenas também. O estado da Bahia brigou em 1943 para que a letra H não fosse tirada de seu nome na reforma ortográfica, embora no adjetivo pátrio, baiano, a letra desapareça.

Nossa Senhora da Aparecida?
Na próxima sexta-feira, comemoram-se Dia da Criança e da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, com feriado nacional. Há pessoas que escrevem “da Aparecida”, fazendo uma analogia com as aparições “de Fátima” e a “de Lourdes”.Não há o nome “Nossa Senhora da Aparecida”. A confusão  reside em dois nomes de outras aparições, por analogia: Nossa Senhora de Fátima e Nossa Senhora de Lourdes, porque a Imaculada Conceição se manifestou naquelas duas cidades, que já existiam, Lourdes-França, Fátima-Portugal, quando se deu cada fenômeno. A cidade de Aparecida do Norte, no Brasil, surgiu com o fato de um pescador trazer em sua rede a imagem (1717), aquela que apareceu, por isso Aparecida. A cidade não existia antes do fenômeno, ela surgiu com os peregrinos chegando até o porto. Ela foi fundada em 1745. O certo é Nossa Senhora Aparecida.

Núcleo duro. O que é isso?
Repare no emprego mais comum atualmente da expressão "núcleo duro": O PMDB reivindica o acesso ao chamado núcleo duro do poder no governo Lula. / Falhas levam o presidente a dissolver o núcleo duro do governo.

E, quanto à origem, você teria alguma ideia? Se pensou no idioma referencial do português, que é o inglês, acertou. Segundo o Eduardo Martins, autor do Manual de Redação e Estilo, do Estadão, núcleo duro nada mais é que a tradução de hard core (de hard, duro, e core, núcleo). Qualquer dicionário médio do inglês diz que hard core pode tanto designar o núcleo permanente, dedicado e integralmente leal de um grupo ou movimento (num partido político) como a parte de um grupo (qualquer) resistente a mudanças. No governo Lula, o núcleo duro seria constituído pelos ministros do PT mais próximos do presidente.

A locução, embora quase exclusiva do politiquês, aparece também (mais raramente) em outros contextos. Na política internacional: "O Mercosul representa o núcleo duro das posições latino-americanas em relação à Alca." Na economia: "As empresas conservarão apenas um núcleo duro e restrito de pessoal permanente e os demais funcionários dependerão das necessidades da ocasião." E até na crítica de arte: "Enfim, a base familiar da neurose adulta forma um núcleo duro da obra de Ingmar Bergman."

Número - mudança de sentido 
Há substantivos que mudam sua significação com a mudança de número. Veja:
bem: virtude 
bens: propriedade 
cobre: metal 
cobres: dinheiro
copa: ramagem 
copas: naipe de carta
corte: residência real 
cortes: parlamento 
costa: litoral 
costas: dorso, lombo
haver: crédito 
haveres: bens
humanidade: gênero humano 
humanidades: letras clássicas
letra: sinal gráfico 
letras: literatura
liberdade: livre escolha 
liberdades: regalias
ouro: metal 
ouros: naipe de cartas
vencimento: fim de um contrato 
vencimentos: salários

Mas há também uma relação de substantivos que são usados somente no plural. Veja:
alvísseras 
anais 
antolhos 
arredores 
belas-artes 
calendas 
cãs 
condolências 
esponsais 
exéquias 
fatos 
fezes 
matinas 
núpcias 
óculos 
olheiras
parabéns 
pêsames 
primícias 
víveres. 

Num, dum, noutro, dalgum. Pode?
Tenho uma dúvida e gostaria de poder contar com a sua ajuda para esclarecê-la. Trata-se do uso de contrações de preposições segundo a norma culta da língua portuguesa.
Disseram-me que certas combinações das preposições “de” e “em” são admissíveis na língua portuguesa, mas denota o uso do português arcaico ou coloquial, sendo, assim, admitidas no registro oral mas não no escrito. E, ainda, que são usadas em jornais, mas não, por exemplo, num texto enciclopédico.
Diz-se, além disso, que construções como:
De + algum = dalgum
Em + algum = nalgum
De + um = dum
De + outro = doutro
Não se utilizam por serem arcaicas. Coisa que me parece bem. Mas dizer que o mesmo ocorre com:
Em + uma = numa
De + uma = duma
Em + outro = noutro
não me parece correto.
Desse modo, quais as contrações que se podem usar na norma culta da língua?

RESPOSTA: todas essas combinações podem ser usadas, sem exceção. Evitá-las é excesso de zelo e, às vezes, por isso, erram. Muita gente acha chique dizer "Mora à rua tal" e vulgar: "Mora na rua tal". Na verdade, a regência culta é a última.

Doutro - por exemplo, pode ser arcaísmo, mas não significa que não possa ser usada num texto culto. O uso vai apenas dificultar a leitura e demonstrar que o seu autor é pernóstico.

Usar “dum” e “num” e suas respectivas flexões não deprecia o texto de ninguém.

Numerais - transcrição
2003 OU 2.003?

Na escrita cardinal (não por extenso) de números, quando se trata de datas, devemos ou não separar por ponto as casas de milhares? Ex.: 28/4/2.002 ou 28/4/2002? (Pedro Aleixo Filho - Araçatuba-SP)

Na língua portuguesa, separam-se por ponto as casas de milhares (ou deixa-se espaço), e a indicação de anos é uma contagem de tempo. Ex.: 4.537 casas, 7.581 habitantes, 1.531 quilômetros, 115.782 litros, 1.500 anos, ano 1.000, ano 1.822, ano 1.789, 28 dias do mês de abril do ano de número 2.002 da era cristã.

Vê-se na imprensa uma regra particular das redações, que diferenciam a contagem comum, separando por ponto as casas de milhares, da contagem de anos, para a qual não utilizam o ponto.

Jornais e revistas nem sempre se submetem às ranhetices da gramática tradicional e dos detalhistas. Ainda bem, assim se cria oportunidade de tornar a escrita mais próxima da realidade.

Veja:
Centenas, dezenas e unidades separaram-se com E.
Milhares, milhões, bilhões separam-se com vírgula.
Quando o número tem vários grupos de três algarismos, usa-se vírgula para separar esses grupos.
Dentro de cada grupo de três algarismos, usa-se a conjunção E para separar as centenas das dezenas e essas das unidades.
Atenção: 1001 - mil e um / 1.200 - mil e duzentos / 8.096 - mil e noventa e seis.

Ensino com Tecnologia - Professor Osvaldo Andrade
ocsanmail@gmail.com