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Letra I

Ídolo tem feminino?
Na linguagem popular, ouve-se a frase: "Fulana é minha ídala". Nem é "ídola". Quando se trata de escrever ou falar corretamente, de modo formal, não existe feminino de ídolo. Existem substantivos classificados como sobrecomuns. Isso significa que esses substantivos mantêm o seu gênero (masculino ou feminino), independentemente do sexo da pessoa a que se referem. E ídolo é um desses substantivos, ao lado de criatura, membro, testemunha, cônjuge. Por essa razão se diz que "João é uma criatura maravilhosa", ou seja, criatura continua sendo palavra feminina, apesar de se referir a João. "Maria é o cônjuge de João", porque cônjuge é palavra masculina, apesar de estar sendo aplicada a Maria. Pela mesma razão se diz que "João é uma testemunha-chave". Como ídolo é um substantivo sobrecomum, só se pode dizer "você é meu ídolo", mesmo que estejamos nos dirigindo a uma mulher. (Explicação do professor Odilon Soares Leme).

Incidente ou Acidente?
Apelamos ao Eduardo Martins, consultor de língua portuguesa do Estadão. 
Acidente é um acontecimento infeliz, desastre. Exemplos: acidente de trânsito, acidente entre o ônibus e a carreta, acidente de trabalho. 
Incidente equivale a circunstância casual, episódio, atrito. Exemplos: Houve um incidente entre os dois deputados. O incidente fez que rompessem a amizade. 

Indulto. Saída temporária do preso é indulto?
Os jornais trataram erroneamente a saída temporária do preso como “indulto de Natal. Os dicionários nada esclarecem a respeito, ou melhor, deixam o consulente mais confuso. Procurei um jurista, ele estabeleceu a diferença.
Indulto de Natal é o perdão da pena, enquanto saída temporária poderá acontecer em várias épocas do ano: Páscoa, Dia dos Pais, Dia das Mães, morte de familiares, sem necessidade de decreto presidencial.

Infinitivo pessoal ou impessoal? 
Exemplo de infinitivo pessoal: amar, amares, amar, amarmos, amardes, amarem. Exemplo de infinitivo impessoal: amar (como está no dicionário). 
Também é esclarecedor afirmar que não foi invenção dos gramáticos, mas dos  usuários da língua, nós mesmos é que inventamos  tal expediente. Depois saímos por aí, dizendo injustamente que os gramáticos complicam o português.
Um leitor  ligou questionando um título de notícia. Ele queria saber se a concordância: “Presos suspeitos de ser donos de armas”  estava correta, pois ele achava que o infinitivo devia flexionar “de serem donos de armas”.
Desenvolvendo o período, já que o jornalismo trabalha com frases curtas nos títulos, ela seria assim: Foram presos os indivíduos suspeitos de ser donos de armas.
Veja o que diz o Manual de Redação do Estadão: “Não se flexiona o infinitivo com preposição (de ser = preposição mais verbo no infinitivo) que funcione como complemento de substantivo, adjetivo ou próprio verbo principal (suspeitos de ser = adjetivo + preposição + verbo no infinitivo). Exemplo: Eram fáceis de resolver. Salvo melhor juízo, o título da notícia estava com concordância corretíssima.
Conselho prático de um tradicional gramático paulista, Napoleão Mendes de Almeida, na dúvida, deixe o infinitivo intacto, sem flexão.

Infinitivo e o SE
Veja exemplos de emprego errôneo do "se":
"Como se evitar a decomposição do país."
"... é muito importante se ter consciência disso."
"... era preciso estender esse processo para se transmitir."
"... a necessidade de se chamar a atenção."
"...coisas interessantes para se ler."
"...amontoados para se fazer uma fogueira..."
Nos exemplos acima o "se" não tem função. Não é objeto direto, não é apassivador, não é conjunção, não é nada. É bom lembrar que o infinitivo preposicionado já tem valor passivo, por isso rejeita o "se". Osso duro de roer = Osso duro de ser roído.

Inobstante. Existe?
Apesar de ser registrada a palavra inobstável, que qualifica algo a que não se pode obstar, não há registro de “inobstante”. O que existe é a locução não obstante, com o sentido de apesar de, contudo, apesar disso. Em “não obstante”, o elemento “não” não pode ser substituído pelo prefixo in-, uma vez que esse obstante não é um adjetivo qualificando um substantivo, mas parte de uma locução prepositiva ou conjuntiva consagrada pelo uso. Diz-se, por exemplo: “Não obstante a pouca idade, ele é extremamente responsável (Explicação do mestre Odilon Soares Leme).

Internet x internet
Conforme explicações do professor Cláudio Moreno, as duas formas são usadas, mas a tendência vencedora dever a inicial minúscula. Há também a discussão em outros idiomas, mas o caminho parece ser o mesmo. Michael Quinion, autor do sítio World Wide Words, diz que, no início, nos anos 60, o termo era escrito em minúsculas. Na década de 80, no entanto, passou a ser grafado com a inicial maiúscula, como se fosse um nome próprio - até recentemente, quando a rede se consolidou, considerarem-na um substantivo comum.
A internet está ao lado do telefone, do rádio e da televisão, e aquele "I" foi se tornando cada vez mais estranho. É mais ou menos o que aconteceu com produtos industriais que se tornaram nomes genéricos, como a gilete, o bandeide e o xérox.
Segundo Quinion, a importantíssima revista Wired terminou de adotar, como norma, internet, net e web definitivamente em minúsculas, o que representa um sinal de qual será a forma sobrevivente. No Brasil, tanto o dicionário Houaiss quanto o Aurélio preferem internet.

Interveio/interviu?
Ele interviu ou ele interveio? Qual forma do verbo intervir está correta?
Resposta: O certo é “ele interveio”. O verbo “intervir” deriva-se do verbo “vir”. Exemplos: eu vim/ eu intervim, tu vieste/tu intervieste, ele veio/ele interveio, nós viemos/nós interviemos, vós viestes/vós interviestes, eles vieram/eles intervieram.

Inúmeros 
"Inúmeros" significa incontáveis. Há o uso errôneo desse adjetivo, como: "O elemento deu inúmeras facadas na amásia". É muito exagero. Neste caso, seria melhor usar "numerosas", "muitas", "diversas".

Ir a/ ir de 
Ir a: ir a pé, ir a cavalo.
Ir de: ir de trem, ir de ônibus, ir de avião, ir de barco, ir de carro.
A expressão "de a pé" não é recomendável, está errada. Nunca use "Vim de a pé".

Ir para/ir a
Usa-se a preposição “para”, quando se supõe que não haverá retorno. Exemplos: Ele morreu, foi para o céu. Ele vai para São Paulo fixar residência.
Usa-se, entretanto, a preposição “a”, quando se supõe o retorno. Exemplos: Amanhã iremos ao cinema. Ele foi a São Paulo em gozo de férias. 

-izar, -isar, -eza, -ez, -esa, -ês:  sufixos 
1. Quando um verbo derivar de um substantivo, sua terminação será sempre "z", a menos que o substantivo já tenha "s" no radical.
Exemplos: Cicatriz - cicatrizar, civil - civilizar. Mas: aviso - avisar, bis - bisar.
Exceções: hipnose - hipnotizar, batismo - batizar, síntese - sintetizar, catequese - catequizar.
2. Quando um substantivo for derivado de um adjetivo, seu final "ez-eza" será sempre escrito com "z". 
Exemplos: pobre - pobreza, ácido - acidez, rico - riqueza, viúvo - viuvez, pequeno - pequenez.
3. A terminação "ês-esa" com "s" acontecerá sempre:
a) Quando for de um adjetivo derivado de um substantivo, normalmente indicando ORIGEM.
Exemplos: monte - montês, campo - camponês, Japão - japonês(esa), Pequim - pequinês(esa).
b) Quando for a terminação de um título de nobreza (nobiliárquico).
Exemplos: marquês - marquesa, duque - duquesa, príncipe - princesa.

Ensino com Tecnologia - Professor Osvaldo Andrade
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