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Letra D

Dar à luz

Parir, publicar ou editar uma obra, dar ao mundo: dar à luz gêmeos. Nesse caso, o verbo é transitivo direto e indireto. Dar o quê? Gêmeos. A quem? À luz, ao mundo. Faz-se necessário o acento grave antes do substantivo feminino LUZ.

Datas

Existem três possibilidades para abreviar a grafia de datas:
com traço: 28-12-1945
com barra: 12/11/2002
com ponto: 21.10.2004
Observações:
Os números cardinais devem ser escritos sem ponto ou espaço entre o milhar e a centena: 1999 (e não 1.999); 2007 (e não 2.007).
O ano pode ser registrado com os dois últimos dígitos: 12/11/02.
- O primeiro dia do mês deve ser escrito assim: 1º (e não 1). Exemplo: 1.º/2/07 ou 1.º/02/07.
O emprego de zero antes do dia ou do mês formado de um só algarismo não é de rigor: 02/02/99 ou 2/2/99.
Atualmente, no entanto, a anteposição de um zero é prática corrente, pois atende a objetivos estéticos. E é sempre aconselhável, quando se quer evitar fraude.
Prof. Me. Gilberto Scarton (FALE/GWEB)/ Profa. Dr. Marisa Magnus Smith (FALE/SEVES)

Dêixis e anáfora

Anáfora do gr. anaphora, repetição. Processo pelo qual um segmento do discurso (chamado anafórico) remete a outro segmento (antecedente) presente no contexto.
Dêixis ou díxis. Faculdade que tem a linguagem de designar mostrando ao invés de conceituar; designação mostrativa ( O pronome é o vocábulo que se refere aos seres por dêixis em lugar de fazê-lo por simbolização, como os nomes)
Os elementos anafóricos remetem ao contexto linguístico, e não, como os dêiticos. à realidade extralinguística. Assim, o demonstrativo "este" pode ser empregado como dêitico: Este livro é bonito; e como anafórico: Há um livro sobre a mesa; eu vi este livro.
(Maria do Socorro)

Demais, de mais, ademais

Demais (advérbio), no sentido de "em demasia". Exemplo: Ele correu demais.
Demais (adjetivo) significa demasiado, excessivo. Exemplo: Isso é demais (demasiado).
Demais (pronome indefinido) equivale a "os restantes" , "os outros", "os mais", vindo quase sempre precedido de artigo.
Exemplo: João e Carla passaram o Natal em Araçatuba, os demais no Rio de Janeiro.
"De mais" - locução que sempre acompanha substantivos ou palavras com valor de substantivo, que tenham sentido contrário a "de menos". Exemplo: Sobraram muitos assados na festa, compraram comida de mais (oposto: de menos).
Ademais (advérbio): significa "além disso". Exemplo: Já disse tudo; ademais, não lhe devo tantas explicações.

De pé ou em pé?

Segundo o "Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa" de Domingos Paschoal Cegalla, "pode-se dizer, indiferentemente: ficar em pé ou ficar de pé".
O site www.ciberduvidas.com, de Portugal, apresenta uma análise do "Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem" de Rodrigo de Sá Nogueira sobre “a pé”, “de pé”, “em pé”.
Ele diz: "Só quem conhece bem a língua pode empregar com propriedade estas três expressões.  Vejamos:

1) ‘ir a pé’ é ir por meio dos pés, isto é, é não ir a cavalo, nem de carro, etc.; 

2) ‘ir de pé’ ou ‘em pé’ é não ir sentado, nem de cócoras, nem deitado; 

3) às 6 horas da manhã estava já a pé, quer dizer: já não estava na cama, já me tinha levantado; 

4) às 6 horas da manhã estava ‘de pé’ ou ‘em pé’, quer dizer: não estava sentado, nem ajoelhado, nem deitado; 

5) um poste, que caiu pela força do vento, por exemplo, põe-se de pé ou em pé, quer dizer: endireita-se de novo, pondo-se na posição vertical, não se põe a pé; 

6) o Exército está em pé de guerra, não está a pé, nem de pé de guerra."
Portanto, fiquemos de pé ou em pé. Salvo num contexto muito específico, como em “fiquemos com os pés no chão”, querendo com isso expressar que é necessário realismo. 

Desculpar - regência

O locutor diz pela tevê: “Desculpem a nossa falha”. Ele desculpou-se da falha e cometeu outra, segundo a gramática tradicional. A mídia geralmente opta pelo uso mais popular, principalmente o meio que envolve a fala. Há outros exemplos: queira desculpar a falta de comodidade; desculpe a insistência; desculpe, não o ouvi bem.
Em português mais castiço, quem desculpa, desculpa alguém de alguma coisa. O certo seria: “Desculpem-nos da nossa falha”.
No sentido de justificar-se, alegar como desculpa, pede a preposição “com”: Recusei o convite do patrão para ir a sua casa, desculpando-me com o cansaço.
Desculpar no sentido de perdoar é transitivo direto e indireto e pede a preposição “a”: Ainda não desculpei ao vereador aqueles xingamentos.
Os gramáticos condenam o uso da preposição “por” na regência do verbo desculpar.

Despercebido/ desapercebido

Elas são palavras parônimas, parecidas. Despercebido significa, segundo o Aurélio, que não se viu ou não se ouviu; em que não se atentou; impercebido, desatento, distraído, desacautelado. Já desapercebido tem o sentido de desprevenido, desacautelado, desprovido, desguarnecido.
O Aurélio aceita as duas formas: despercebido/desapercebido para o senti-lo de distraído, mas ele é um dicionário que registra todos os usos, não tem compromisso com a gramática normativa.

Deus – nEle

Um aluno me questionou sobre tal forma quando se refere a Deus, pois ele a encontrou num livro de religião. A palavra Deus tem a letra inicial maiúscula. O Manual do Estadão recomenda que também se grafe com letra maiúscula o início dos pronomes que se referem a Deus. Exemplo: Eu queria que Ele me ajudasse. “Ele” é Deus. Seria lógico escrever “Nele” com a letra N maiúscula, não o “e” intermediário. A regra manda pôr a letra inicial dos nomes próprios em maiúsculo. Confesso que não achei nenhuma explicação sobre isso (nEle) nas gramáticas.

Detrás – de trás

Leia o que ensina Luiz Antonio Sacconi.
Detrás - adjetivo, significa traseiro, posterior, que fica na parte posterior ou oposto à principal. Exemplos: sentar-se no banco detrás, vir no carro detrás, bateu na parte detrás do carro.
Detrás - advérbio, significa na parte posterior ou oposta à principal; por de trás; por trás (em oposição a "pela frente").
Ainda há as expressões:
De detrás: Ele saiu de detrás da fila.
Detrás de: Ficar detrás de alguém.
Dizer mal de alguém por detrás.
Por detrás: Vá por aí, que eu vou por detrás.
Por detrás de: Vá por aí, que eu vou por detrás da casa. Ele chegou por detrás de mim. Via-se muita gente por detrás de meu amigo.
De trás - locução adverbial e equivalente a "de longe". Exemplo: Essa rixa não é nova, já vem de trás.
De trás - expressão preposicionada que completa um nome ou um verbo. Exemplos: Ele veio de trás. Sua vinda de trás.

Dia D e hora H

O D de Dia-D é a abreviatura do vocábulo dia, tradução do codinome D-Day, usada pelo exército britânico desde a Primeira Guerra, hoje incorporada à linguagem militar da maioria dos países.

Serve para designar o dia exato em que uma determinada operação militar deverá ser iniciada. Apesar de pleonástica, a expressão foi incorporada à linguagem militar da maioria dos países por sua inegável utilidade: ela cria um ponto de referência no tempo, o que assegura o sigilo e permite que se troque a data real sem que seja necessário alterar toda a logística planejada. Fala-se o dia sem precisar a data.

Já houve centenas de dias D, mas a expressão evoca em especial o dia da invasão da França pelas forças aliadas, em 6 de junho de 1944.

Em qualquer dia D, a hora exata em que a operação vai ser desencadeada é chamada, coerentemente, de hora H (em Inglês, H-Hour).

Para nossa sorte, dia e hora iniciam, no português, pelas mesmas letras que day e hour no inglês, o que deixa as expressões ainda reconhecíveis, embora se troquem de posição os elementos, obedecendo à diferente ordem sintática do Português e do Inglês.

A linguagem usual já incorporou a expressão hora H com o significado de "momento exato, decisivo", inclusive com seus desdobramentos eróticos, como se vê nas revistas do gênero: "O que você diz a seu parceiro na hora H?"; "O medo do fracasso na hora H pode levar à impotência", etc.

Quanto à presença de hífen e letra maiúscula, o dicionário Aurélio apresenta dia D e hora H. É melhor segui-lo, já que ele é uma espécie de manual de língua portuguesa do brasileiro.

Dias da semana (plural)

Qual forma está correta: "quarta e quinta-feira" ou "quarta e quinta-feiras"? 
É preferível “quarta e quinta-feira” por dois motivos: 
a) Quarta e quinta-feira = “quarta-feira e quinta-feira”. Em “quarta e quinta-feira”, subentende-se o elemento “feira” depois de “quarta”. Por isso, não há razão para se pluralizar o elemento “feira” de “quinta-feira”. 
b) Se antepusermos o artigo, definido ou indefinido, diremos: “a quarta e a quinta-feira”, uma “quarta” e uma “quinta-feira” – sem pluralização.

Direito ou direito

A letra inicial de nomes de cursos não precisa ser grafada com letra maiúscula, como: medicina, pedagogia, agronomia. Em direito, para evitar ambiguidade, escreve-se com  maiúscula. Exemplo: Ele faz direito. (Se não colocar maiúscula, entende-se que ele faz bem suas tarefas.) Ele faz Direito. (Neste caso, só há um entendimento: ele se prepara para ser advogado.) 

Domicílio

1 - É em domicílio a expressão que se usa para entregas: Fazem-se entregas em domicílio (e não "a" domicílio). Equivale a: Fazem-se entregas em casa. Da mesma forma: Dão-se aulas em domicílio. 2 - A domicílio exige verbo de movimento: Conduziram o doente a domicílio. / Foram levá-lo a domicílio. (Manual de Redação do Estadão)

Doutor

Seria possível me esclarecer quanto ao uso do título de doutor, em que circunstâncias e em quais profissões se usa o título, é somente após o curso de doutorado? Existe alguma profissão em que se use o título sem a conclusão do curso de doutorado? O advogado recém-formado apenas com o curso de direito é doutor?
RESPOSTA: no sentido restrito, doutor é um título de quem fez doutorado, defendeu tese. No Brasil, o advogado e o médico são chamados de doutores por força da tradição. Em regiões mais pobres do Brasil, qualquer pessoa bem vestida é chamada de doutor pela população excluída.
Quanto à lei, temos a de 11 de agosto de 1827 (criou os cursos de Direito), que em seu artigo 9.º, segunda parte, estabelece "Haverá também o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos estatutos, que devem formar-se, e só os que obtiverem, poderão ser escolhidos para lentes". O silogismo é simples: O titulo de doutor seria destinado aos habilitados nos estatutos futuros (como o estatuto da OAB, hodiernamente usado), assim tendo o acadêmico completado seu curso de Direito, sido aprovado e estando habilitado em estatuto competente, teria o titulo de doutor. Os bacharéis devem enfrentar o prova da Ordem.

Dum e num. Existem?

Pessoas com excesso de zelo com o uso culto do idioma  fogem de certas formas, corretas, como DUM/DUMA, NUM/NUMA. Elas existem, e o uso delas depende do gosto da pessoa.

Há uma regra para empregar “dum” (duma) e “de um” (de uma).
Deve-se empregar “de um”, e também “de o” (e não “do”), quando a preposição “de” não se ligar ao artigo que se lhe segue, mas a palavra/s que vem/vêm mais à frente:
1) O fato DE uma pessoa TRABALHAR...
2) O fato DE um aluno SER MAL COMPORTADO...

A preposição DE não se encontra ligada ao artigo, mas às palavras sublinhadas à direita.
O mesmo se dá com DE + PRONOME/DETERMINANTE 3) Apesar DE este diretor ESTAR LIVRE...
4) A resolução DE ele IR AO PORTO...
5) Já é tempo DE aquelas pessoas TEREM JUÍZO.
6) Depois DE isso ESTAR ESTABELECIDO...
E há outra regra para EM UM/NENHUM. Quando se falam essas duas expressões, soam praticamente da mesma forma. Ao escrevê-las, porém devemos observar certas distinções.

Entrou na casa em que NENHUM morador o notasse. (antônimo de algum)

NEM UM morador do prédio o cumprimenta. (= nem um sequer, nem um único; opõe-se a MUITOS.)

Ensino com Tecnologia - Professor Osvaldo Andrade
ocsanmail@gmail.com